Por que o boxe?
Porque é o homem.
Prefácio
Há que se entender o to be para exprimir em versos o que se cultua com punhos. Recorrer a fontes primárias, Google, Wikipedia, combates no Youtube, ouvir nosso galo de ouro chique-chique Jofre no Cronópios, para trazer à urbe poemas lambe-lambe, em forma de dicionário.
Há que se entender o to be para exprimir em versos o que se cultua com punhos. Recorrer a fontes primárias, Google, Wikipedia, combates no Youtube, ouvir nosso galo de ouro chique-chique Jofre no Cronópios, para trazer à urbe poemas lambe-lambe, em forma de dicionário.
Corner
Dois sentidos para os cantos oblíquos das cordas: A exibição da entrada e o repouso final do derrotado.
Dois sentidos para os cantos oblíquos das cordas: A exibição da entrada e o repouso final do derrotado.
Jab
Unidade de medida entre dois corpos.
Unidade de medida entre dois corpos.
Direto
Encontro objetivo com o alvo.
Encontro objetivo com o alvo.
Cruzado
Punho certeiro lançado em arco.
Punho certeiro lançado em arco.
Upper
Vem de baixo, deslocando o ar, cinematográfico, distorcendo a mandíbula em slow motion.
Vem de baixo, deslocando o ar, cinematográfico, distorcendo a mandíbula em slow motion.
Esquiva
Lá e cá, desliza pau de sebo.
Lá e cá, desliza pau de sebo.
Clinch
Não se arme, passei para te dar um abraço. Não me afastes, tenho cansaço
Não se arme, passei para te dar um abraço. Não me afastes, tenho cansaço
A obra – Éder Jofre
Do artista – a obra, o todo – da obra. Mesmo que um segundo apenas, seja o tempo para a derrocada do homem, cabe o feito definitivo, traduzindo o gesto, o desfecho do combate. Não se apegue ao herói erguido aos céus na glória do instante, reafirmo: – veja a obra. A arte, as mãos, também se expressam fechadas, sufocando o ar no exíguo espaço da tensão dos dedos. O artista do palco, do ringue, persiste na imagem que desaba e se rasga. Atenha-se ao diálogo – com a obra.
Do artista – a obra, o todo – da obra. Mesmo que um segundo apenas, seja o tempo para a derrocada do homem, cabe o feito definitivo, traduzindo o gesto, o desfecho do combate. Não se apegue ao herói erguido aos céus na glória do instante, reafirmo: – veja a obra. A arte, as mãos, também se expressam fechadas, sufocando o ar no exíguo espaço da tensão dos dedos. O artista do palco, do ringue, persiste na imagem que desaba e se rasga. Atenha-se ao diálogo – com a obra.
Poema para um pugilista
Pai, o que você trabalha? Você não faz nada? Filho de Eder Jofre O homem traz um ringue dentro de si – e se acovarda. Suspenso na partitura das cordas que envolvem o pugilista, o zumbido do upper que não atingiu Harada – o poema. Dentro do absurdo existe um reino de perdas. O poeta, em seu fascínio pelo nada, se aproxima das cordas de um tablado escurecido e arremete um direto abraço no eterno campeão Mundial dos Galos.
Pai, o que você trabalha? Você não faz nada? Filho de Eder Jofre O homem traz um ringue dentro de si – e se acovarda. Suspenso na partitura das cordas que envolvem o pugilista, o zumbido do upper que não atingiu Harada – o poema. Dentro do absurdo existe um reino de perdas. O poeta, em seu fascínio pelo nada, se aproxima das cordas de um tablado escurecido e arremete um direto abraço no eterno campeão Mundial dos Galos.
* do livro Breve Dicionário Poético do Box / Ilustrações de Felipe Stefani (2014)