Por que o boxe? Porque é o homem. Prefácio Há que se entender o to be para exprimir em versos o que se cultua com punhos.

O Estalo da Palavra (IX)

poesia capixaba jorge elias neto
 
Por que o boxe? Porque é o homem. Prefácio
Há que se entender o to be para exprimir em versos o que se cultua com punhos.
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Recorrer a fontes primárias, Google, Wikipedia, combates no Youtube, ouvir nosso galo de ouro chique-chique Jofre no Cronópios, para trazer à urbe poemas lambe-lambe, em forma de dicionário.


Corner
Dois sentidos para os cantos oblíquos das cordas: A exibição da entrada e o repouso final do derrotado.


Jab
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Unidade de medida entre dois corpos.


Direto
Encontro objetivo com o alvo.


Cruzado
Punho certeiro lançado em arco.


Upper
Vem de baixo, deslocando o ar, cinematográfico, distorcendo a mandíbula em slow motion.


Esquiva
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Lá e cá, desliza pau de sebo.


Clinch
Não se arme, passei para te dar um abraço. Não me afastes, tenho cansaço


A obra – Éder Jofre
Do artista – a obra, o todo – da obra. Mesmo que um segundo apenas, seja o tempo para a derrocada do homem, cabe o feito definitivo, traduzindo o gesto, o desfecho do combate. Não se apegue ao herói erguido aos céus na glória do instante, reafirmo: – veja a obra.
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A arte, as mãos, também se expressam fechadas, sufocando o ar no exíguo espaço da tensão dos dedos. O artista do palco, do ringue, persiste na imagem que desaba e se rasga. Atenha-se ao diálogo – com a obra.


Poema para um pugilista
Pai, o que você trabalha? Você não faz nada? Filho de Eder Jofre O homem traz um ringue dentro de si – e se acovarda.
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Suspenso na partitura das cordas que envolvem o pugilista, o zumbido do upper que não atingiu Harada – o poema. Dentro do absurdo existe um reino de perdas. O poeta, em seu fascínio pelo nada, se aproxima das cordas de um tablado escurecido e arremete um direto abraço no eterno campeão Mundial dos Galos.

* do livro Breve Dicionário Poético do Box / Ilustrações de Felipe Stefani (2014)

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