Uma simples imagem, porém profunda, me atraiu desde criança, impactou positivamente minha mente, repercutiu por longos anos, fez uma pausa, e voltou com força total. É a figura de Nossa Senhora de Fátima, com três pastorinhos aos seus pés.
Certo dia, minha mãe me chamou para eu ouvir uma oração, que se repetia nos nove primeiros dias do mês. Tempos depois eu, já alfabetizada, recebi dela uma nova missão: rezar a novena sozinha. Lia aquele texto mecanicamente, sem foco, até que decorei.
Fui informada que ela era minha madrinha de batismo. Sempre gostei do meu nome Fátima. Todo mês de maio fazia um altar para ela. A devoção por Maria é muito forte na família, a começar por meus pais, que colocaram o prenome em todas as filhas. Aliás, o fervor da fé é intensa desde a ancestralidade. Meu avô paterno, que tinha uma bela caligrafia, imprimiu a jaculatória, numa parede da casa da fazenda: "Oh Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós".
Quando vim morar na capital paraibana, para cursar o nível superior, aos domingos acompanhava minha irmã e família para a missa na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, no Miramar. Criei o vínculo energético, de imediato. A seguir, conheci o movimento mariano Focolares, onde fui Gen (Geração Nova), que destaca o papel e a missão de Maria). No início da década de 90, conheci a Doutrina Espírita e recuei do movimento católico e de frequentar missas semanais, mas jamais abandonei minha devoção, até que em 1998 fui para um Congresso Mundial Espírita em Lisboa. Surgiu a oportunidade de conhecer a cidade de Fátima e não vacilei em ir. A estadia de meio-dia por lá mexeu com todas minhas emoções, à medida que percorria aqueles recantos energéticos e de luz. Que belo presente me proporcionei!!
Mestre tempo avança. Passei por um acontecimento difícil e algo me impulsionou para a missa de Nossa Senhora de Fátima, que acontece, mensalmente, nos dias 13, ao meio dia (horários das aparições), na Igreja do Miramar. Pois bem, à medida que me aproximava, a emoção tomava conta de mim e chorava imensamente. Fui acolhida por uma senhorinha com as boas-vindas. Na hora do terço que acontece antes da missa, ela veio ao meu encontro e me ofereceu um terço para eu recitar um mistério.
Em 2013, minha sobrinha Maria Eugênia (também sua devota) entrou num quadro dramático, após um AVC, que a prostou por quatro anos a um leito, sem falar e sem se locomover sozinha, até vir a óbito. Neste ínterim, enquanto estava internada no Hospital Português (Recife), entrou em coma e convivemos com o suspense da partida. Sabemos que Nossa Senhora é uma só, apesar de várias denominações. Na minha família, cada membro tem sua devoção específica. Dentro da fé de cada um, cada qual rogava à sua santa, pela manutenção de sua vida entre nós. Certo dia, o médico reuniu a família para comunicar que, após realizar novos exames, ela reagiu positivamente e recuou o processo que partia para a morte cerebral. "Não me perguntem como, que não tenho explicação", disse o médico. Mas a família sabia a origem da fé na reversão do quadro. Eram vésperas do meu aniversário e supliquei à Nossa Senhora o meu presente antecipado, de interceder pela sua vida.
Logo que tivemos a boa notícia de que Eugênia superou o coma, como que num impulso simultâneo, eu, Carol e Simão (seus irmãos) corremos para a Gruta Nossa Senhora (recanto paradisíaco num dos jardins) para agradecer. Lá fora, neblinava forte, mas de mãos dadas, corremos para o local e optamos por nos molhar. Afinal, era chuva de bençãos. Carol sugeriu que rezássemos um terço. Começamos. De repente, um sol brilhante surgiu entre as nuvens, mas ainda contornado pela neblina fina. A cena era de uma beleza admirável e indescritível, que só a natureza divina é capaz de produzir. A emoção tomou conta de nós. O choro integrou o ritmo do terço de agradecimento. Vibrei com o resultado.
Detalhes sobre este tema e a história, vivenciada pela família e repercussões, nesse árduo processo de vida, estão detalhados no meu livro "Infinito Amor: a síntese da Vida".
Certa vez, me envolvi num acidente de carro. Em questão de segundos, após a batida senti o carro rodopiar e, apesar disso, sentia uma proteção. Resultado: ambos os veículos tiveram perda total, sendo que nós (os dois motoristas) envolvidos tivemos só pequenas escoriações. Agradeci o livramento à Nossa Senhora, cuja imagem sempre presente no meu carro.
O tempo passa. Entrei no hospital de urgência, com uma forte crise renal. Surpreendentemente, fui cirurgiada para extração de cálculos. Essa notícia trouxe outro diagnóstico impactante: precisaria fazer um outro procedimento, em um mês, para retirada de um tumor renal, com tendência de ser maligno e com a possibilidade de perder um rim. Naquele momento fiquei sem chão. Passei dez dias hospitalizada, devido uma infecção urinária, proveniente da crise. Supliquei à minha Nossa Senhora de Fátima que passasse à frente de todo processo e me desse um sinal. E que sinal ela deu!! O ambiente estava na penumbra. De repente vi uma luz verde, a partir do interruptor, percorrer até o teto e parar em cima do meu leito. Naquele instante, senti um toque da resposta e uma paz, que me despertou a certeza do sucesso cirúrgico, que viria um mês após.
Chegou o dia da cirurgia e eu permaneci confiante. Eis que recebo o resultado: a biópsia confirmou o câncer, mas também a Cura, que me livrou de procedimentos de quimioterapia ou similares. Por essas e outras experiências, sinto-me feliz em ter Nossa Senhora de Fátima como minha intercessora divina. Hoje, minha religião chama-se "Deus e Nossa Senhora", independentes de ritos religiosos. Para recorrer a eles, o faço em qualquer lugar, de preferência na introspecção do meu lar, meu recanto aprazível e especial. Com Maria sempre à frente. Enfim, Nossa Senhora de Fátima me emociona. Em diversos momentos difíceis, ela me acolheu, consolou, fortaleceu, inspirou... Elegi-a como meu porto seguro, minha mãe maior, amiga, médica, psicóloga. Enfim, ela é paz e luz constante em meus dias. A Ela fui consagrada em criança e renovei este gesto pelos "Arautos do Evangelho", ano passado, com o Padre Ricardo Basso. Atualmente, rogo sua presença constante em meus dias e de minha família. Entrego e confio. Gratidão!!
Sim, um detalhe importante e especial: Em algum momento, dos meus processos de vida, enveredei pelo mundo da arte. Assim, de repente, mesmo: primeiro a pintura, com os dedos, sem pincéis, o que inspirou a exposição "Mistérios, Surpresas & Revelações". Os detalhes estão narrados no livro citado acima. A seguir, descobri a Cerâmica: uma terapia mais que arte, para mim. Sou outra pessoa, com o incentivo e orientação do professor Ilson Moraes. Vez por outra, produzo uma peça, principalmente escultura de Nossa Senhora , em cerâmica. Sempre Ela, amada Nossa Senhora, incentivando direta ou indiretamente a minha inspiração e criatividade.
Obras de autoria de Fátima Farias Acervo da autora
E o título deste texto não termina aqui, porque, Deus e minha intercessora Nossa Senhora de Fátima, prosseguem sempre presentes em minha vida, meus instantes, meus meus dias.
Gratidão sempre!!