Estamos passando como o tempo, deslizando semelhante à água em recantos brumados, serenos e constantes. Nossos corpos não são mais como há alguns anos, porque se esgotou a textura, a firmeza e os sonhos. Muitos deles se apagaram com o chegar de noites duras e críticas, nem sempre fáceis de encontrar soluções e que frequentemente batem em nossas portas.
Que caminho você escolheu para hoje, apesar da amargura de ontem, apesar da nova solidão inerente a sua existência, cansada de insistir na busca da felicidade? A forma de nossas lágrimas não modificam o choro, mas em certos momentos parece que é mais profunda, e o significado está repleto de dúvidas, que pairam ao tentar entender o amanhã. Será que vivemos o suficiente, será que fizemos nosso melhor naquele tempo que ganhamos?
Um senhor chamado Jan Hartman, imigrante alemão, católico fervoroso, mas vivendo em um país protestante, encontrou uma maneira de realizar suas preces com outras ovelhas de seu rebanho. Decidiu comprar três casas vizinhas em 1661, e as uniu para construir a igreja no sótão. Foi um plano maluco, mas cheio de fé, que preencheu seu coração e de muitos de seus amigos que compartilhavam da mesma ideia.
Naquela época, a sociedade holandesa era intolerante com os católicos. Apesar da forte influência reformista e, mesmo sendo uma igreja “escondida”, ela não era secreta. O governo aceitava a prática católica sob a condição de que os fiéis seguissem determinadas regras.
Eles não desistiram de pregar todos os dias, pois, acreditavam ser o correto por sua fé. Existiam cerca de 25 daquelas igrejas na época, não tão grandes e bonitas como a do Nosso Senhor do Sótão. Muitas foram inteiramente transformadas em igrejas após 1853.
Todas deixaram gravado em suas paredes a força dos fiéis à insistência pela fé, e a crença em seus valores que deveriam ser mantidos no dia seguinte. Aquelas escolhas representaram o futuro aos tantos que vieram no esteio de suas preces, na escolha de seus nobres caminhos, regados com o desejo de manter viva a ideia da crença e de seus valores.
Ainda somos o fruto não dos mais fortes, mas sim dos que mais facilmente se adaptaram às agruras de cada montanha pedregosa.