O templo que domina as margens do Nilo Imagine-se um lago onde a água não seca, sem algas ou odores, e onde o seu nível permanece o...

Lago sagrado de Karnak

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O templo que domina as margens do Nilo

Imagine-se um lago onde a água não seca, sem algas ou odores, e onde o seu nível permanece o mesmo há mais de 3.000 anos, apesar das várias intervenções do tempo.

Assim é o fascinante mistério do Lago Sagrado de Luxor, uma maravilha da antiga civilização egípcia. Mandado construir por Tutmés II (1473-1458 ac), nos arredores do templo de Karnak, este lago, de formato retangular,
composto por escadas com 120 metros de comprimento por 77 metros de largura, é alimentado por um afluente subterrâneo que fornece água, revelando a notável engenhosidade dos antigos egípcios.

O lago, aliás, desempenhava um papel fundamental nos rituais religiosos, uma vez que seria usado para a purificação e simbolizava o nascimento diário do deus-sol, Amon-Rá, sendo igualmente o lar dos gansos sagrados de Amon, símbolo das águas primitivas das quais a vida surgiu na ideia de criação do antigo Egito.


Uma outra interessante atração do lago encontra-se na encantadora estátua de um escaravelho gigantesco de granito rosado disposto numa grande estátua cilíndrica bem próxima das águas, representando a encarnação do deus Atum-Khepri, o princípio criativo que se manifesta no sol nascente ao emergir das trevas. O símbolo das metamorfoses. Afirma o mito popular que dever-se-á dar sete voltas, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, e pensar em sete desejos, um por cada volta, em redor da escultura.


Nos seus tempos áureos, o Lago Sagrado de Luxor tinha um significado religioso profundo, servindo como parte das abluções, dos rituais e cerimónias do templo. A sua longevidade ao longo dos séculos continua a intrigar e a inspirar até aos dias de hoje. Uma verdadeira maravilha da história, considerado um lugar simbólico e místico que nos faz refletir sobre os mistérios do passado e a capacidade humana de criar algo tão duradouro e naturalmente excepcional.
SOBRE O AUTOR
babel babilonia
António José Rodrigues é autor do livro "Um Certo Oriente", que reúne crônicas sobre suas experiências com a cultura do Norte de África, Médio Oriente, Golfo Pérsico e Ásia. É ensaísta, orientalista e, semanalmente, aos domingos, apresenta o programa com o mesmo nome de seu livro, transmitido de Lisboa pela Telefonia da Amadora, das 21h às 22h. No horário de Brasília, a emissão ocorre das 17h às 18h.

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