Um texto de Rodrigo Casarin, publicado no livro de crônicas - A Biblioteca no fim do túnel um leitor em seu tempo, me levou ao encontro de passagens por livrarias e da aquisição de livros e o feliz achado de alguns livros esgotados que só foi possível encontrá-los em sebos.
Quando estava escrevendo a dissertação sobre Graciliano Ramos procurei o romance Angústia nas livrarias e não o encontrei, tive a ideia de visitar o Sebo do Brandão, no Recife, e me deparei com um exemplar da 4ª edição deste livro, estava bem velhinho é verdade, mas não faltava nenhuma página. Em uma entrevista que fiz com Heloísa
Livraria Brandão
A revista Tico-Tico foi a primeira a publicar histórias em quadrinhos (1905 / 1977) no Brasil. Era voltada para o público infantojuvenil, depois que deixou de circular se tornou raridade. No fim do ano, publicava o Almanaque do Tico-Tico que era disputadíssimo pelos leitores mirins, principalmente pelos meninos. Adquiri um exemplar desta revista em um sebo de São Paulo e conservo-o até hoje. Sei que a Biblioteca Nacional dispõe de grande parte desta coleção em seu acervo. Com o processo de digitalização de livros, revistas e jornais antigos tornou-se mais fácil ter acesso a livros raros, mas ainda considero um grande prazer encontrar um livro que não existe nas prateleiras das livrarias. É um “memorial de preciosidade”.
Para criar passarinho, um belo poema em prosa de Bartolomeu Campos de Queirós, foi um livro que recebi através da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, emprestei-o e não voltou às minhas mãos. Comprei outro exemplar, novo empréstimo e nada de retorno. O livrinho atraía os leitores. Encontrei uma nova edição, mas sem o encanto das ilustrações de Walter Lara. Na edição antiga, cada capítulo recebia uma ilustração
Bartolomeu Campos de Queirós
Matheus Dias
Matheus Dias
Durante muito tempo, procurei o livro de Antonio Candido Literatura e Sociedade e só fui encontrá-lo em Salvador, traz a data de 1976. Este não foi o primeiro livro que li do crítico paulista. Quando cursava Letras na antiga FURNE, descobri na biblioteca da Universidade um livro fininho deste autor – Ficção e Confissão, estava escrevendo um ensaio sobre Vidas Secas e foi um achado valioso. Como aluna e como professora, sempre procurei livros desse “mestre memorável”. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos desapareceu da minha estante, resolvi comprar outro exemplar, depois vi que estava escondidinho no meio de outros livros. Doei o antigo a uma biblioteca.
Afonso Cruz Liraria Lello
Na minha biblioteca, tenho todos os livros escritos por Graciliano, todos de Lobato, os infantis de Bartolomeu Campos de Queirós e de Lúcia Hiratsuka, ainda sobra espaço para Cecília Meireles, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Marcus Accioly, Eu, de Augusto dos Anjos, edição da Aguilar. A coleção completa de Machado de Assis, em capa dura, na cor verde, Editora Mérito, 31 volumes, é sempre consultada. Lá estão os livros de contos, Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, o livro de poesias – Falenas, teatro e todos os livros escritos pelo “Bruxo de Cosme Velho”. Esses livros vêm me acompanhando nas viagens pelas terras nordestinas. Eles me representam, são a minha autobiografia.
Machado de Assis (1904) CC0
"O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado".