Uma chama que brilhava entre o céu e a terra
Construído no século III a.C., durante o reinado de Ptolomeu II Filadelfo (amigo de infância de Alexandre, o Grande), pelo arquiteto e engenheiro grego Sóstrato de Cnido, o farol da ilha de Pharos perto da cidade egípcia de Alexandria, considerado uma das Maravilhas do Mundo Antigo, não era apenas um prodígio de engenharia, mas também um símbolo de poder e de autoridade.
O Farol de Alexandria ou Pharol de Faros era uma estrutura impressionante. Edificado com blocos maciços de calcário e mármore, com ligas em chumbo derretido e uma forma arcaica de cimento, baseada na mistura de resina com calcário, este teria cerca de 130 metros de altura, fazendo dele uma das estruturas mais altas do mundo antigo.
Composto por três seções estéticas e funcionais, designadamente uma base quadrada (robusta e resistente, capaz de suportar o peso da estrutura e resistir aos elementos), uma secção média octogonal de mármore, que permitia uma transição suave da base quadrada para a seção superior circular que abrigava a fonte de luz do farol, uma grande fogueira mantida acesa dia e noite (cujo brilho da chama, diz-se, podia ser visto a 50 Km de distância). O combustível utilizado para sustentar a chama não seria madeira, um elemento muito raro na desértica região do Egito, mas supostamente óleo, transportado por burros até a parte superior do farol. Havia ainda, no topo do Pharol, uma estátua de Poseidon, figura da mitologia grega responsável pelos mares.
O Farol de Alexandria detinha um propósito prático. Em primeiro lugar, tornava possível que os navios navegassem sem incidentes até o porto de Alexandria, que era de grande importância estratégica; além disso, servia como ponto de observação contra eventuais ameaças militares provenientes do mar.
Zona portuária de Alexandria, Egito ▪ Fonte: Gmaps + Wikimedia
No século XIV, em 1375, um forte terremoto atingiu a ilha de Faros e destruiu o Farol. Mais tarde, em 1480, sob o reinado do sultão mameluco Al-Ashraf Sayf ad-Din Qa’it Bay, as pedras que restaram da construção original terão sido utilizadas na construção de um forte, edifício que permanece até hoje no lugar do Farol de Alexandria, e na construção da cidadela com o seu nome.Embora possa não ser tão alta ou tão majestosa quanto o farol original, esta cidadela-fortaleza ainda retém uma sensação de grandiosidade e poder, uma lembrança tangível do passado de Alexandria e um testemunho da resiliência e da força da cidade. É um símbolo vivo do legado do farol de Alexandria que oferece vistas deslumbrantes do Mediterrâneo...