Éfeso, uma antiga cidade na região do Egeu, localizada no coração da Turquia e próxima à moderna Selçuk, é conhecida por suas ruínas milenares que contam a história de séculos, desde a Grécia clássica até o Império Romano, época em que se tornou um importante centro comercial no Mediterrâneo. O templo dedicado à deusa Artemis em Éfeso era classificado como uma das sete maravilhas da antiguidade, simbolizando a divindade da caça, dos animais selvagens, das terras intocadas, dos nascimentos, das donzelas e da virgindade. De acordo com relatos do historiador e geógrafo grego Heródoto (485 a.C. – 425 a.C.), o templo foi construído com a contribuição financeira do rei Creso (596 a.C. – 546 a.C.) de Lídia. O escritor, historiador, gramático, administrador e oficial romano Caio Plínio Cecílio Segundo (23 d.C. – 79 d.C.) registra que o templo possuía 127 colunas, sendo 36 delas detalhadamente decoradas em relevo.
Localizada no coração deste grande templo grego, que foi o primeiro a ser inteiramente construído em mármore, encontrava-se a impressionante escultura de Artemis, esculpida em madeira escura, num verdadeiro testemunho da grandiosidade e arte daquele período histórico. Para além de seus objetivos religiosos, a edificação era um ponto de interesse para turistas, comerciantes e reis, que prestavam homenagens por meio da oferta de valiosas joias e outros tesouros.
Localizada no coração deste grande templo grego, que foi o primeiro a ser inteiramente construído em mármore, encontrava-se a impressionante escultura de Artemis, esculpida em madeira escura, num verdadeiro testemunho da grandiosidade e arte daquele período histórico. Para além de seus objetivos religiosos, a edificação era um ponto de interesse para turistas, comerciantes e reis, que prestavam homenagens por meio da oferta de valiosas joias e outros tesouros.
Além disso, o templo da deusa Artemis servia como refúgio para os perseguidos, uma vez que ninguém ousaria profaná-lo. Segundo o historiador, biógrafo, ensaísta e filósofo platônico grego Plutarco (46 d.C. – 120 d.C.), registrou que em 21 de julho de 356 a.C., durante a ausência da deusa Artemis do santuário para ajudar no nascimento de Alexandre, o Grande, um indivíduo chamado Heróstrato incendiou o grandioso monumento e deixou apenas as colunas em ruínas. Esta construção levou um século para ser erguido e, conforme relato do escritor romano Públio Valério Máximo (século I a.C. - século I d.C.), autor da coleção Feitos e ditos memoráveis, o incendiário Heróstrato foi capturado e confessou ter cometido o ato para que sua notoriedade se espalhasse pelo mundo, a fim de tornar-se inesquecível. O criminoso foi torturado e castigado com o esquecimento através do que, mais tarde, passou a ser chamado de “condenação da memória”. O nome do destruidor permanece na Ciência como “Complexo de Heróstrato”.
O fenômeno conhecido como "Complexo de Heróstrato" tem sido objeto de estudo por parte da psicanálise, psicologia e psiquiatria. Esse termo é empregado para descrever indivíduos que lidam com sentimentos de inferioridade e possuem uma compulsão por se destacar a todo custo. Para atingir esse objetivo, essas pessoas recorrem a ações agressivas, atos terroristas, difamação, vandalismo em obras de arte, destruição de patrimônio público, tortura e assassinato de animais ou indivíduos. Esses pacientes anseiam intensamente pelo centro das atenções, buscando compulsivamente a fama como uma forma de evitar o esquecimento. Seu comportamento reflete uma autoestima fragilizada e a expressão de atitudes impulsivas decorrentes de experiências traumáticas. Essa condição os torna antissociais, arrogantes, inseguros, mentirosos e dependentes de validação externa. Atualmente, essas características se tornaram comuns, manifestando-se em diversas pessoas, as quais adquirem uma atitude maliciosa, destrutiva, fanática, intolerante, desrespeitosa e traidora. Além disso, observa-se uma ênfase na idolatria e no egocentrismo forçados por não temerem as próprias autodestruições e nem de destruírem os outros.
Alfred Adler (1870 – 1937) era um psicólogo austríaco e o criador da psicologia do desenvolvimento individual. O terapeuta realizou uma pesquisa que abordou o sentimento de inferioridade, conhecido como o “Complexo de Heróstrato”. Nos estudos de Adler, os pacientes costumam idealizar metas de vida que são difíceis de alcançar, além de terem uma forte vontade de se destacar, o que resulta em uma postura arrogante em relação aos outros. Muitas vezes, na busca de serem o foco das atenções, acabam demonstrando hostilidade através de comportamentos violentos provenientes da rejeição interna que sentem. Adicionalmente, eles prejudicam as pessoas à sua volta no ambiente profissional por meio de difamações e notícias falsas. Movidos pela constante carência, esforçam-se para se apresentarem de uma maneira que não corresponde à realidade, ou seja, esforçam-se para parecerem o que não são.
Aqueles que buscam desesperadamente um propósito para suas vidas, porém não conseguem encontrá-lo, consequentemente acabam se autodestruindo no vazio de suas próprias incertezas. O ambiente ao redor deles se transforma em fonte de rejeição. Os sentimentos de angústia, medo e melancolia que os acompanham refletem uma sensação de inferioridade que bloqueia a expressão da felicidade e do bom relacionamento, gerando comportamentos doentios que são prejudiciais ao bem-estar social. Esse processo autodestrutivo resulta em diversas patologias que surgem do confronto entre fragilidades psicológicas e existenciais, alimentando o "Complexo de Heróstrato", caracterizado pelo sentimento de apequenamento e pela busca de validação por meio da necessidade de destruir para ser percebido e imortalizado na memória social.