Fui várias vezes a Caracas. Na primeira, em 1975, em entrevista para o Jornal do Brasil, do então presidente adeco (social democrata), Carlos Andrés Pérez, colhi seu inesperado apoio ao acordo nuclear Brasil X Alemanha, combatido pelos ianques.
Dizia-se, então, que quando a Casa Branca gripava, Miraflores espirrava. Lá a democracia avançava no rodízio de socialistas e democratas cristãos e aqui a ditadura militar esmorecia. A capital venezuelana era uma cidade encantadora e a liberdade me permitiu ver La Última Cena, filme do cubano Gutiérrez Alea, aqui proibido. Convivi com Radomiro Tomic, o socialista chileno derrotado por Allende na eleição presidencial e exilado por Pinochet em seu golpe sangrento.
Agora agoniza a ditadura chavista na fraude eleitoral patrocinada por Maduro. E Boric, presidente, eleito pela extrema esquerda no Chile, já protestou, ao contrário do brasileiro Lula, contra a óbvia fraude da tirania venezuelana.
O grande romancista chileno Roberto Ampuero encontrou e divulgou no X a inspiração do sucedâneo de Chávez em frase do cruel ditador georgiano Stalin:
O Partido dos Trabalhadores (PT) que desgoverna metade do Brasil em sociedade com o nada republicano Arthur Lira, foi fundado sob a égide de Lula, mas sob controle de ex-guerrilheiros, como Zé Dirceu, expulso pela ditadura militar. Agora não se mostra disposto a evitar que os venezuelanos, que recebiam bem em sua democracia, sejam vítimas dessa ditadura mentirosa.
Com Amorim em Caracas, confundindo Platão com César em frase que nada ajuda, resta-me apenas chorar por Caracas pelo apoio do PT ao regime que expulsou um quarto de compatriotas da própria pátria.
Hoje, o ex-sindicalista favorito do general Golbery se vê na incômoda postura de encarar o desafio da patota marxista-leninista que comanda seu partido.