A poesia começa assim Emprenhar-se de miudezas; deixando as mãos rendidas aos gestos costumeiros. E, quando a luz...

O Estalo da Palavra (I)

poesia capixaba jorge elias
   
 
A poesia começa assim
Emprenhar-se de miudezas; deixando as mãos rendidas aos gestos costumeiros. E, quando a luz se aperceber, desmembrada pelo estalo da palavra, jogar-se nos trilhos para salvar a flor.
Régua quebrada
Não me importo com numerar as penas do cisne. Versejo com apetite. Cato palavras de aluvião. Sou sapo de língua comprida catando mosca. Insisto na ingenuidade da metamorfose (só sei transformar sapato em borboleta).
O risco
O risco era solto. Vivia sem Pai, sem Pátria. Indecifrável, esperneava ao mínimo indício de caligrafia. Ricocheteava nos lajedos, saía chamuscado das rusgas, mas sem resquícios de letras. O risco não sabia, mas era um hedonista. Usava a camuflagem dos desentendidos. Serelepe, causava seus descaminhos. O risco, ora era frouxo, ora era tenso; seguia desmoldando intenções. Era corisco, não se deixava ferrar com palavras. Incorrigível, só tinha um temor: a descontinuidade. Criava-se no silêncio, não deixava rastros. Optou pela clandestinidade ao abandonar o traço.
Frango com farofa
No fim de semana estendo o pano xadrez no céu de pólvora; arregalo o olho para entrar o cisco; uso a cara de bobo e ignoro o vício; O pano xadrez – início; o cisco no olho – chuvisco; na cara de bobo – o riso.

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