Refletir sobre como os arquitetos e urbanistas estão se preparando para atender às crescentes exigências de um mundo cuja população ...

Um mundo melhor para todos

Refletir sobre como os arquitetos e urbanistas estão se preparando para atender às crescentes exigências de um mundo cuja população está vivendo mais tempo tem sido uma preocupação atual e oportuna.

Diante da efetiva longevidade, reforçam-se as necessidades especiais de que a pessoa com mais tempo de vida possui, sobretudo considerando que hoje se postam sempre mais participativas e assim exigem respeito do mundo para com elas.
V. Karpovich
Nos países mais bem aparelhados em níveis de cidadania, os idosos já desfrutam de muitas facilidades que lhes conferem conduta mais jovial que os permite compartilhar presencialmente os acontecimentos da vida urbana. Tais condições não se restringem apenas a quem avançou na idade, mas a todos que têm mobilidade reduzida. A implementação dos meios de acessibilidade não depende apenas de Arquitetos e Urbanistas, que produzem muito mais para a iniciativa privada do que para a pública. As diretrizes voltadas à mobilidade que um projeto deve conter partem sempre do patrocinador, que, na maioria das vezes, faz cumprir apenas a legislação vigente, nada mais.

Paralelamente, há uma crescente oferta de produtos pelos quais a tecnologia oferece ao idoso conforto e segurança necessários à manutenção da saúde e do bem estar. O compromisso com a qualidade de vida na terceira idade vem criando forte tendência no mercado voltado para esta clientela muito especial, cada vez mais volumosa, que passou a ser grande alvo consumidor do setor imobiliário para as próximas décadas. Daí a importância dos cuidados especiais a serem observados nos projetos a eles destinados.

Mart
A indústria de acessórios progride aperfeiçoando acessórios e produtos para todo tipo de ambiente, cozinhas, banheiros, armários e mobiliários específicos sobre os quais os profissionais da Arquitetura precisam se conscientizar para sensibilizar construtores e gestores públicos a utilizá-los legalmente em projetos de arquitetura e urbanismo. Já consta na legislação, por exemplo, a exigência de um percentual de imóveis adaptados e adaptáveis, que guardam condições para se tornarem, a qualquer tempo, acessíveis. A família que considerar a possibilidade de ter no futuro algum idoso morando consigo pode e deve adquirir um imóvel que reúna tais características.

A abrangência das facilidades aos que têm limitações deve ser a mais ampla possível, estender-se a todos os ambientes de uso coletivo, inclusive os externos, sejam públicos ou privados, pois,
M. Aurelius
de que adianta os espaços internos serem totalmente acessíveis e ao chegar na rua o cidadão se depara com todo tipo de dificuldade, a começar pela ausência de rampas e plataformas, e pela precariedade das calçadas. Não deve haver restrições no conceito de público e privado quando se trata de mobilidade urbana, Tudo há de ser acessível. A vida tem que ser acessível.

Ainda estamos muito longe do ideal da chamada “gentileza urbana”. A maioria das edificações são construídas seguindo projetos dotados apenas do que a legislação exige. Qualquer adicional de qualidade nesses projetos significa ônus, e, nem sempre, os imóveis construídos para vender contemplam o máximo que se pode oferecer, obviamente por questões financeiras.

Em verdade, toda qualidade de vida nas cidades está direta e proporcionalmente ligada à riqueza. Não há implementação sem verbas que viabilizem melhorias. Em alguns países como Canadá, Austrália, Finlândia, Nova Zelândia, Noruega, Islândia, Dinamarca, Suécia, todos os espaços, públicos ou privados, são dotados de completa acessibilidade. E nas cidades de países mais antigos, como a Inglaterra, os espaços que ainda restam sem acessibilidade estão desaparecendo com grande velocidade. Tudo está se modificando seguindo a tendência inclusiva,
J. Chan
não somente para idosos, mas para quem tem limitações de qualquer habilidade física, inclusive visual.

Infelizmente, na grande maioria dos espaços urbanos de nossas cidades, mesmo nos bairros chamados “nobres”, basta caminhar um pouco a pé para que nos deparemos com todo tipo de percalços, advindos não apenas da falta de estrutura, mas de educação e mau comportamento das pessoas. São obstáculos e mais obstáculos que se inserem no passeio e vias públicas sem nenhum controle, fiscalização, muito menos punição.

Certa vez, nos hospedamos em Vancouver, no Canadá, em um flat perto de um supermercado no qual eu ia pela manhã comprar alguma coisa para o café. Em todas as vezes avistei um grupo de senhores cadeirantes conversando alegremente na frente de um edifício residencial, absolutamente independentes. Comentei com a moça do caixa e perguntei quem eram e onde moravam. Ela disse que eles residiam naquele prédio, e eram totalmente autônomos. Locomoviam-se para qualquer lugar, em suas cadeiras eletrônicas, usavam ônibus, trem, metrô e voltavam para casa sem precisar de ninguém, que avanço!

M. Novák
De outra vez, estávamos em Londres, e nosso pai teve um problema agudo de estenose lombar que o deixou sem poder dar um passo. Como ainda tínhamos três dias na capital inglesa, decidimos alugar uma cadeira de rodas. Confesso que foi uma das experiências mais marcantes de nossas vidas, pois percorremos muito do centro de Londres, atravessamos pontes e parques, fomos a teatros, livrarias, concertos, sem nos depararmos com sequer um pequeno desnível nos pisos e passeios, seja na rua ou no interior dos edifícios. Aparatos que só descobre e valoriza quem passa por isso.


Isto acontece principalmente nos países em que onde os gastos públicos são controlados e as verbas oriundas dos impostos pagos pelo povo são aplicadas integralmente em seu benefício. O que lhes possibilita utilizar a quantidade de novos recursos que estão sendo produzidos para tornar melhor a vida de quem tem limites para viver bem. Mas nas sociedades sem controle, sem honestidade e sem educação, nunca se avançará em civilidade. Sobretudo a educação de sentimentos que nutram respeito, reverência e admiração pela sabedoria de quem viveu mais. Sentimentos que promovam nos gestores públicos e na população a consciência de que o tempo e a idade vêm para todos. E que os jovens, em vez de discriminar os idosos, espelhem-se neles, lembrem-se do futuro que os aguarda e vejam-nos felizes por possuírem um longo caminho de aprendizado, de experiências que devem ser trocadas e compartilhadas em condições cada vez mais inclusivas, para o bem de todos, em um mundo melhor para todos.

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  1. Paulo Roberto Rocha19/5/24 14:03

    Super parabéns pelo texto!!
    Evoluir é uma destinada obrigação do ser humano.
    Em todos os sentidos e direções...
    Seus exemplos e colocações são Perfeitíssimos !!!
    As acessibilidades são fundamentais.

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    Respostas
    1. Muito obrigado, Paulo Roberto. "Em todos os sentidos e direções", sim!

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  2. No Brasil, Germano, esse "mundo melhor para todos" parece ainda muito distante. Mas vamos evoluindo devagarinho, a despeito dos políticos e governantes, sejam eles quem forem. Seu texto é oportuníssimo e muito bem exposto. Parabéns. Francisco Gil Messias.

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  3. Texto oportuníssimo, Germano. Parabéns. Francisco Gil Messias.

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  4. Muito bom 👏👏👏👏👏👏👏👏👏❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️🪡🧵✂️

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