Quem não vê que a fome é o melhor tempero não entende o sentido na busca em se alimentar, mesmo sabendo que seu conteúdo se encontre em um jarro de estanho de origem desconhecida. O prazer em comer está em ter apetite, não em se fartar comendo.
Percebe-se que aqueles que mais buscam a satisfação em quase todos os momentos, são os que menos a alcançam, fundamentalmente por desejarem mais e o melhor à sua mesa. Essa armadilha invisível aos olhos incautos pela busca incessante, a qualquer custo e tempo do próximo instante de felicidade, ocupa os momentos propícios para reflexão íntima, e esvazia o aprofundamento necessário ao crescimento individual.
“Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes é necessário ser um.”
Fernando Pessoa
O imperador e filósofo Marco Aurélio (121–180 d.C.) escreveu, no sétimo livro de meditações, sobre a conduta saudável do indivíduo na busca pela formação do caráter e compreensão, adequados aos acontecimentos em seu entorno, sejam eles tensos, vazios ou admiráveis. “Devemos nos concentrar no que temos, não no que falta. Trate o que você não tem como inexistente, e pense o quanto você desejaria o que tem, se não o tivesse”.
Não se deve apenas concluir racionalmente que, a cada dia, a vida vai se consumindo e deixando atrás de si uma menor porção para ser vivida. Por isso, não gaste o resto de seus dias com ideias que dizem respeito aos outros.
Desenvolva o Amor Fati (do latim, amor ao destino) que — como no estoicismo, e na filosofia de Friedrich Nietzsche — é a aceitação integral da vida e do destino humano, mesmo em seus aspectos mais cruéis e doloridos.
Somente um espírito superior pode aceitar como uma fórmula para a grandeza do homem, que significa não querer nada de diferente do que é, nem no futuro, e suportar amar o que for necessário.
Procure contentar seu cérebro, que é uma máquina moldada para o aprendizado. Ele não nos permite suportar acontecimentos rotineiros. Por isso, somos ávidos por experiências novas que surpreendam de forma agradável.
O que dá prazer acaba por fazer bem ao organismo e assim se torna importante para a sobrevivência de nossa espécie.
Uma rede de neurônios está incumbida de nos fazer buscar aquilo que nos trouxe prazer uma vez. Não bloqueie essa via expressa.