Marco Zero
Avançamos desgarrados neste Tempo tardio. A partir daqui, se inicia o reino das ostras e dos desencantados. Recolhamos a vela — sudário santo — que há de ser lenço e manto aos que choram e perecem sobre as rochas. Somos a sobra do que tentamos ser, escambo entre a imensa ousadia e a boca dos Oceanos. Mares singramos, cerzindo rotas, fomentando esperança, e, no entanto, permaneceu o segredo das tempestades. As palavras náufragas, a insônia nas gáveas, a ironia da língua pátria a chamar de quilha o que sustenta a nau e a placidez das asas das gaivotas forjaram nossa humanidade. Desanoitece, Resta o sereno — saudade da noite. Sobrevivemos aos infortúnios da consciência, a gema celeste descarrega em cada dorso o calor célere da descrença. Aprendemos que a maçã roubada foi a máxima fuga e que nos resta a paz da tormentosa arrelia.
Avançamos desgarrados neste Tempo tardio. A partir daqui, se inicia o reino das ostras e dos desencantados. Recolhamos a vela — sudário santo — que há de ser lenço e manto aos que choram e perecem sobre as rochas. Somos a sobra do que tentamos ser, escambo entre a imensa ousadia e a boca dos Oceanos. Mares singramos, cerzindo rotas, fomentando esperança, e, no entanto, permaneceu o segredo das tempestades. As palavras náufragas, a insônia nas gáveas, a ironia da língua pátria a chamar de quilha o que sustenta a nau e a placidez das asas das gaivotas forjaram nossa humanidade. Desanoitece, Resta o sereno — saudade da noite. Sobrevivemos aos infortúnios da consciência, a gema celeste descarrega em cada dorso o calor célere da descrença. Aprendemos que a maçã roubada foi a máxima fuga e que nos resta a paz da tormentosa arrelia.
Do livro A Arte do Zero, disponível no site da Editora Arribaçã