No dia 5 de maio, o médium baiano, com projeção internacional, Divaldo Pereira Franco, completou 97 anos de vida e 77 de trabalho, em prol do bem. Raríssimas são as pessoas que chegam a este auge e, principalmente, com lucidez plena.
Com dedicação absoluta à sua nobre missão, já esteve em dezenas de países, levando o conforto da mensagem espírita, para aliviar e esclarecer corações. Some-se a isso a psicografia de centenas de livros, traduzidos para vários idiomas, cujos resultados financeiros têm um destino certo: a Mansão do Caminho, obra social do Centro Espírita Caminho da Redenção, situada em Salvador, no estado da Bahia. O complexo educativo/assistencial/profissionalizante, que já acolheu milhares de crianças e adolescentes, cuidando do seu bem-estar e saúde, com extensão às famílias, foi fundado em 15 de agosto de 1952, por Divaldo Franco e seu primo Nilson de Souza Pereira, que tive a oportunidade de conhecê-lo.
Divaldo Franco e a Mansão do Caminho (Bahia) mansaodocaminho.com.br
Tive o privilégio de passar uma manhã por lá, em abril de 2011, ou seja, faz 13 anos. O que vi me emocionou bastante. Trata-se de uma mini-cidade, com equipamentos diversos para atender e formar crianças carentes e suas respectivas comunidades adjacentes. Ao longo do dia, as crianças estudam, se alimentam, recebem atendimento ou acompanhamento médico, psico-social, e no final da tarde, ainda levam pão para casa, produzidos lá mesmo.
Oratória cativante - Conheci Divaldo na década de 90. Já o entrevistei diversas vezes, para o então Jornal O Norte e para o meu primeiro livro 'Encontro com consciência: diálogo da unidade com a diversidade'. Versátil, Divaldo parece conhecer a vida sob todos os prismas e tem respostas imediatas para tudo, sem titubear. Reconhecido como o maior expositor espírita do Mundo, ele tem o dom de empolgar o público, com sua oratória mesclada de poesia, ensinamentos e até descontração. Estudou até o antigo Ginásio, mas envereda pelas mais diversas áreas do conhecimento humano, para se expressar.
Fátima Farias com Divaldo Franco e em visita à Mansão do Caminho com confrades espíritas paraibanos Acervo da autora
Apesar dos 97 anos, sua expressão serena e bastante jovial, para a sua idade, demonstram o pleno vigor de quem está sempre de bem com a vida. Assisti a um vídeo interessante dele "Divaldo fala sobre o porquê da tragédia no Rio Grande do Sul", em que aborda física quântica, movimento da órbita terrestre. Isso me remeteu a uma entrevista que me concedeu (publicada no meu livro) e mencionou:"os grandes problemas, que periodicamente varrem a Terra, como epidemias, catástrofes, fazem parte do contexto histórico antropológico, sociológico e mesmo de equilíbrio das placas terrestres na intimidade profunda do subsolo, gerando terremotos inevitáveis, perfeitamente esperados por uma necessidade de acomodação do planeta".
Na ocasião, questionei sobre diversos temas. Sintetizando, vidas noutras dimensões. Sua resposta: "É fascinante constatar que a vida não é patrimônio exclusivo do nosso planeta, mas está em toda parte do Universo e nos dá a ideia de infinito". Prosseguindo, em pauta, veio a imortalidade, ao que respondeu: "Até hoje não houve nenhuma prova da mortalidade. Só existem provas da imortalidade". Na sequência, reencarnação:
"A partir de 1880, com as experiências de Jean Martins Charcot até às técnicas do Dr. Brian Weiss, a reencarnação é demonstrada no laboratório da ciência, confirmando que o espírito é imortal, acompanha o corpo desde sua formação, com ele vive até sua morte e volta a nascer em outro corpo. Existem provas históricas, filosóficas, psicológicas e de laboratório, a exemplo das TVP (terapias de vidas passadas).
Uma de suas mensagens finais nas minhas entrevistas:
"Uma mensagem de otimismo. Seja você quem ama. O amor é suave e tranquilo, enquanto a violência é ruidosa. Chama mais atenção o escândalo que a virtude. Se alguém não gosta de nós, o problema é da pessoa. Quando não gostamos de alguém, o problema é nosso. Se alguém nos persegue, pior para ele. Quando nós perseguimos, pior para nós. Lembre-se da lei da gravidade. Tudo aquilo que atiramos para cima volta. Seja você quem semeia o amor. Já estamos cansados de semear o ódio, a guerra, a violência. Sejamos agora os pregoeiros da paz".
Nota da autora: Dedico este texto ao querido Carlos Romero (in memorian e que nomeia este espaço literário), amigo comum de nós dois e que continua vivo alhures - a viagem final de todos nós. Se aqui ainda estivesse, certamente dedicaria um texto a Divaldo Pereira Franco.