Deus ao lado E a sucessão de mundos Não cessa… Como acreditar? Um pingo de chuva Um vento na flor E o pólen flutua ...

Um vento na flor

poesia paraibana aurelio cassiano
 
 
 
Deus ao lado
E a sucessão de mundos Não cessa… Como acreditar? Um pingo de chuva Um vento na flor E o pólen flutua Nuvens carregadas Como a consciência Um vazio de lado… A profundeza de um aceno Saudade em vão E o fruto que surge Doce e amargo: Ambos são sabores Como não acreditar? A luz divisa a cor E empresta profundidade Aos céus Mas é o segredo que planta a dúvida Traz o medo Faz vacilar Então É revirar o interior de si Sentir o abismo de ser E reconhecer a mão que segura: Deus está lá dentro!


Toca a rua no tempo da gira Guia posta reluz Griot ecoa xirê Manhã de Sol Salga o terreiro Pisado pelo Orixá E se dança E se alegra No descalço chão Renovada a rua Revoadas de pássaros Salpicam o Orum E o sorriso cansado Do "cavalo" feliz Que se deixou cavalgar por um Deus Axé, Babá Que guarda as dores E os tesouros ancestrais Arrepia a espinha Rodopia no ar E solta o grito de identidade Salve Olorum Soprando potente O som dos tambores


De olhar prá trás
E não ver distância Posto que antes Tão hoje Que a vista cansa E me visto de dias e noites incontáveis E desenho sois, luas, estrelas Cruzo passadiços sobre eras Que me devolvem aos caminhos Sem enlevo ou sem esperas Como um pano roto e esticado Pela mão do vento Eis que me espraio lento Sempre em frente e vacilante Contando histórias, criando fontes Mas sei que um dia Se chega afinal a estação E cessam verões, outonos invernos ou primaveras Para que venham os outros E que venham outros Também ver As maravilhas da terra Até olharem pra trás E que vejam flores em guerra De olhar pra trás E não ver distância Posto que ontem Tão hoje Que a vista cansa...

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