Em seu livro “O verdadeiro criador de tudo”, o neurocientista Miguel Nicolelis trata daquilo que são as criações do cérebro humano (dinheiro, religião, ideologia, entre outras). Esse órgão, que deveria ser o centro do universo, desenhou nossa existência e se mantém evoluindo num caminho adverso e sem volta.Como não somos máquinas ou sistemas digitais, nosso sistema nervoso opera em um estado analógico muito oposto ao digital.
Algumas pessoas acreditam que podemos aproximar nosso cérebro dos sistemas digitais, mas nunca chegaremos ao ponto ideal, porque a inteligência é uma propriedade de um sistema orgânico, que não foi construído, mas evoluiu em relação ao ambiente e durante o contato com outros membros de nossa espécie.
Não há nada de inteligente na inteligência artificial. Ela é um imenso amontoado de memória que opera por meio de estatística e não cria coisa alguma. É um grande golpe de “marketing” para o mundo. Os neurocientistas já sabem disso, porque em seu meio científico todos entendem que isso é balela. Porém, essa imersão na lógica digital está alterando fisicamente e funcionalmente a forma do cérebro operar.
Na Universidade de Helsinque, os finlandeses estão revertendo o uso de computadores em sala de aula, porque descobriram que os efeitos são mais deletérios do que positivos para o cérebro das crianças. Essa história de todo aluno ter um computador é quase um fetiche. Foi, na verdade, um grande projeto americano.
A educação é um processo no qual você interage para aprender. O peso da palavra depende muito do seu vínculo humano, social, emocional, com seus professores e colegas. Essa experiência social faz parte da grande força evolutiva que moldou nosso cérebro primata, adaptado para o aprendizado em comunidade.
Na questão educacional, o que realmente pega é o contato humano, a presença de pares numa classe e de um professor presente. Porque a escola não é só a classe e a sala de aula. É o recreio, a conversa das crianças, a troca de experiências individuais que passam a ser parte do coletivo.
Confundimos educação com transmissão de conteúdo, mas se fosse somente isso, poderíamos sentar na sala, ouvir o dia inteiro e decorar. O movimento humano segue rumo à quebra de paradigmas sociais. Por isso, não invente a desculpa de estar ocupado ao celular ou no computador, para deixar de encontrar novos amigos.