E logo uma cidade grande com prédios, ônibus, pessoas e toda infraestrutura é erguida a partir das pedras, ou de pedaços de papel e papelão. São esquinas, postes, avenidas... E até aeroportos com seus aviões e submersíveis. Também surgem campos de batalhas com exércitos postos para o combate com seus canhões, veículos militares, trincheiras, explosões... Ou mesmo um comboio formado por uma fileira cavalos e muares segue em deslocamento adentrando desertos imaginários...
Do imaginário infantil surgem mundos em improvisos brincantes. Pedrinhas e tampas de garrafas são pessoas, de tijolos constroem-se prédios, palitos de fósforos queimados armam exércitos modernos ou a cavalaria, pedaços de madeira são cavalos ou veículos, pequenos recortes de papel compõem a cena e formam árvores.
A mente cria a movimentação diária de uma cidade, o desenrolar de uma batalha épica com as investidas a cavalo, ou um duelo do Velho Oeste, perseguições policiais, disputas de corridas de Fórmula 1 em circuitos de rua ou autódromos…
O movimento das peças permite “enxergar” vida.
As pequenas mãos buscam a agilidade que só o tempo e o treino fornecerão, mas compensam com disposição em mover mundos de brincar com a imaginação. Pedaços de desconstruções usadas para tijolar a diversão individual infantil, pois alegria de menino é plantio de felicidade na Terra, é colheita de sorriso.
O chão de terra batida ou um areal, onde matinhos são árvores gigantes, onde a superfície plana ou irregular é amplificação de relevos, mesmo quando simulado sobre um lençol ou casaco estirado. De todos os lugares surgem mundos erguidos da magia livre de conceitos e preconceitos de ser criança. Tudo é possível, alcançável.
Brincar de criar países e cidades é fácil. A diversão está garantida infinitamente pela imensidão do tempo que dura uma brincadeira interrompida pela determinação de vozes adultas. Porém, a mente apenas faz um intervalo até retomar a criação. E, muitas vezes, tais construções revisitam a cabeça do ser criativo tempos depois, que sorri ao reencontrar os mundos que criou e deixou pelos primeiros anos.
