Em 2009 fui ao Teatro de Santa Isabel, no Recife, ver a estreia da ópera Dulcineia e Trancoso, do Eli-Eri Moura, libreto meu. Um ou ...

Coisas estranhas

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Em 2009 fui ao Teatro de Santa Isabel, no Recife, ver a estreia da ópera Dulcineia e Trancoso, do Eli-Eri Moura, libreto meu. Um ou dois dias depois, recebi ligação do cineasta Daniel Aragão, de Pernambuco, apresentando-se como diretor de casting do primeiro longa de seu conterrâneo Kleber Mendonça Filho, O Som ao Redor - em fase de pré-produção. Disse que estava filmando a ópera quando, ao me ver subir com o compositor ao palco, para agradecer os aplausos, tivera o estalo: “É o seu Francisco!”

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Kleber Mendonça Filho e WJ Solha Acervo do autor
Dei trabalho, porque decidira não mais me meter com cinema. Ele conta, numa entrevista a Luciano Trigo, (Globo.com – 29.12.2012 ):

- No Som ao redor fui o produtor de casting. Levei algumas pessoas novas para esse filme, entre elas a que mais me orgulho é o W.J Solha, um grande escritor e ator paraibano que ainda não tinha um grande papel no cinema. Chamei ele na marra pra fazer o teste para O som..., já certo de que iria ser sensacional. Foi lindo o processo.

Realmente lhe dei trabalho. Tanto insistiu, porém, que lhe pedi o roteiro, certo de que não gostaria dele e o descartaria, mas o script do Kleber me pegou. Excelente. Vi que, pela primeira vez, o cinema abordava a classe média nordestina urbana, contemporânea e aceitei.

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Fortunato Solha Acervo do autor
Coisas estranhas. Marcado esse teste para as dez da manhã seguinte, quando Aragão viria do Recife até minha casa, sonhei, nessa noite, que trabalhava aqui, em meu computador, quando vi meu pai - que eu perdera em 92, dezessete anos antes - parar a um metro, à minha esquerda, na porta que dá para a sala de visitas. Eu disse: “Já sei: não vou fazer o filme.”

- Vai – ele respondeu - mas não vai assistir.

A história foi motivo de muito riso, quando a contei, durante as filmagens.

- Vôte!

Pois bem. Em 2012, quando se deu que o filme foi interrompido por problemas técnicos na estreia brasileira, durante o Festival de Gramado, antes que eu aparecesse em cena, ficando o avant-première adiado para o dia seguinte, enquanto vinha equipamento novo de Porto Alegre. Interpretei, rindo, que (de acordo com meu pai) aquela seria minha última noite. Mas tudo correu bem.

Perguntei-me a razão do sonho. E “acho” que a encontrei: Pouco antes, assistira ao Gladiador, do Ridley Scott, e – no livro que comprara sobre o filme – lera que o velho Oliver Reed morrera durante as filmagens, e o velho Richard Harris... logo depois.

Excerto do livro "Autob/i/ografia", disponível impresso na Arribaçã e em formato Kindle na Amazon

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  1. Texto muito interessante. Essas "coisas estranhas" acontecem a toda hora no mundo inteiro. Revelam uma dimensão da vida que não dominamos e que não raro nos dominam. Parabéns, Solha.

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    1. Concordo que coisas fora do comum ocorrem sempre, o que diferem são as explicações, teorias sobrenaturais ou ligadas à vida mesma em si como o fez o autor

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  2. 👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏🧵🪡✂️

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