A definição do Google diz, literalmente: 'autistas são crianças isoladas, que não aprendem a falar, não olham para as outras pessoas nos olhos, não retribuem sorrisos, repetem movimentos sem muito significado ou ficam girando ao redor de si mesmas e apresentam deficiência mental importante'.
Não. É uma definição muito restritiva. Eles vão além. Eu vi, eu observei, eu convivi, eu senti, eu aprendi, eu me emocionei, eu chorei, entrei no seu 'mundo', durante um dia e descobri que são gente especial, mas diferenciada, pois no seu mundo
J. Américo de Almeida
FCJA (adapt.)
FCJA (adapt.)
As atividades tiveram a direção geral da psicóloga Shâmara Rached, fundadora do Grupo Autismo Tratável e coordenadora de quarenta cursos de autismo com parceiros em cinco países. Desta vez, a Fundação Casa de José Américo representou o apoio do Governo do Estado, associado à parceria de dezenas de empresas e instituições.
Lucas Cézar Vinagre e Fátima Farias
Acervo da autora
Acervo da autora
Conta sua mãe que ele iniciou a arte logo que seu pai faleceu. Segundo ela. uma forma de lidar com o impacto emocional e encontrar conforto na arte. Conhecer Lucas foi um momento marcante.
Ao adquirir uma peça, ele me abraçou. Um abraço forte e espontâneo. A mãe e eu nos emocionamos. 'Ele só abraça assim quando gosta da pessoa', disse a mãe Lourdes. Ao lado de Lucas, estava Beatriz Cavalcanti, 12 anos, expondo suas telas também criativas. Outro destaque foi Alef Saad, filho de Shâmara (ambos autistas), que, aos 12 anos, fala cinco idiomas e fez palestra sobre empreendedorismo, no evento. Ele é campeão da Olimpíada Brasileira de Empreendedorismo. Ganhou R$ 2mil, medalha e troféu. Foi o único autista inscrito e nordestino, concorrendo com sete escolas de São Paulo.
Alef Saad e Beatriz Cavalcanti Acervo da autora
*Recursos tecnológicos* - A tecnologia entra em cena e contempla a comunidade autista. Com uma programação vasta e variada, acesso gratuito, o evento contemplou toda a comunidade em volta do autismo, com exposição e venda de obras de arte, roda de conversa com pais, feira de livros e brinquedos, artesanato confeccionado pelos autistas e suas famílias e apresentações artísticas, palestras diversificadas, proferidas por uma equipe multidisciplinar, para atender autistas, familiares e cuidadores.
Shâmara Rached@gov.pb.br
O 'Encontro Integrado da Consciência Autista', pela manhã e à tarde, ofereceu uma interação entre os participantes, além de uma dinâmica de conteúdos, para potencializar aprendizados e as relações interpessoais, entre autistas, familiares e o público em geral, por meio de métodos especiais.
A programação contou com a participação de especialistas, oriundos dos Estados Unidos, Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Campina Grande e de outras localidades. Um dos destaques do evento foi a mostra dos talentos dos autistas artistas, com uma variedade de modalidades: pintura, origami e desenho.
V Encontro Integrado da Consciência Autista FCJA
No decorrer do ciclo de palestras, o psicólogo Henrique Costa Val, do Grupo Método (analista do comportamento, com BCBA) falou sobre 'Segurança em crises agressivas'. A fonoaudióloga Aline Formiga transmitiu conhecimento para as mães que não têm condições de pagar terapias particulares.
O evento contou com vários médicos, oferecendo seu trabalho, a exemplo da Clínica Aliança, que realizou rastreio de probabilidade autista; e a Clínica Metamorfose, que trabalhou a seletividade alimentar dos autistas, ensinando as mães a lidarem com isso.
Shâmara Rached destacou as presenças de Camila Ribeiro, do Grupo Método, e Flávia Buffone (terapeuta ocupacional), ambas conceituadas em inclusão escolar. O profissional de Educação Física Artur Ferreira, da Clínica Movimente, veio de Campina Grande com uma equipe de 18 profissionais para prestar atendimento de circuito motor. Dos Estados Unidos esteve presente a odontóloga Glória Pimenta para fazer profilaxia e triagem de criança com autismo. Suellen Moreira (cirurgiã-dentista), especialista no tratamento de crianças especiais, integrou a equipe e promoveu um workshop para auxiliar na prevenção e cuidado com os dentes. A dupla Soraia Vieira e Vilma Araújo veio de Belo Horizonte apresentar o Pecs, que consiste num sistema de comunicação alternativo que auxilia crianças com autismo ou que tenham dificuldades para se expressar e interagir. Por meio de jogos educativos, geral e específicos, que trazem estímulos cognitivos e afetivos para focar no desenvolvimento da criança.
A oficina 'Circuito de Brincadeiras' foi montada para ensinar como brincar com crianças autistas e, ao mesmo tempo, como aprender brincando. Para isso, vieram de Campina Grande as profissionais Ivana Rizzi e Pakizza Sherma. Segundo Shâmara Rached, muita gente não sabe brincar com autista, porque muitas vezes não têm interesse pela brincadeira e os adultos precisam ser ensinados. Pela primeira vez o Tio Hércules, do grupo Boca na Rua, fez aula de circo num evento e participou para lançar o tratamento que trabalha coordenação motora, ativação de neurônio, espelho na imitação, e o equilíbrio. A Empadinha Barnabé, cujo proprietário é pai de autista, com a cachorrinha Acerola, de apoio à pessoa com autismo, mostrou a importância do sensorial do quanto o cão do apoio pode ajudar uma criança com problemas sensoriais.
