O presente ano enseja a oportunidade de a Paraíba reverenciar Augusto dos Anjos nos 140 anos do seu nascimento. É hora de voltar,...

Augusto, o poeta amado

O presente ano enseja a oportunidade de a Paraíba reverenciar Augusto dos Anjos nos 140 anos do seu nascimento. É hora de voltar, ainda mais, nossos corações para esse poeta que trouxe visibilidade à poesia da Paraíba.

Faz-se oportuno lembrar a necessidade de prestar-lhe uma grande homenagem, em resposta à dimensão alcançada pela sua criação poética. Será justo erguer, em lugar de destaque, uma estátua de grande porte, podendo ser a maior da cidade.

Não basta se dizer admirador desse imenso poeta. É necessário aprofundar as homenagens e os gestos concretos que possam perpetuar sua poesia e sua imagem para as futuras gerações.

Augusto é poeta revelado no século passado. Sua poesia constroi um panorama para o futuro, pois, a cada leitura de sua obra, os poemas revelam caminhos para diferentes interpretações.

Acervo do autor
Neste breve texto, trago uma nota de suma importância para estudiosos que esmiúçam sua vida, constante na edição de nº 1.766 de O Norte, domingo, de 12 de julho de 1914, sobre a nomeação dele pelo governo do Estado e a posse como diretor do Grupo Escolar Ribeiro Junqueira, na cidade de Leopoldina – MG.

A posse foi noticiada no jornal local Novo Movimento, que ressalta desconhecer o poeta e professor Augusto dos Anjos: “Não conhecemos o nomeado e, por isso, nada podemos dizer sobre a sua competência, honestidade e critério”.

Não afianço se as notas dos jornais motivaram comentários por parte dos estudiosos de sua obra ou constam em biografias, como a escrita por Raimundo Magalhães Júnior, a mais completa, produzida por Ferreira Gullar com seu estudo crítico constante na edição de toda a sua obra de Augusto, editado pela José Olympio. De qualquer forma, são valiosas como contributo para nos aproximar de Augusto dos Anjos.

A notícia de O Norte dizia: “foi solenemente empossado”, em solenidade à qual se fizeram presentes professoras e servidores, tendo Augusto chegado minutos depois destes. Ele estava acompanhado de autoridades municipais, do inspetor da escola, de militares, do juiz municipal e de jornalistas.

O inspetor da escola, Aristides Sica, afirma o jornal paraibano, “pondo em destaque a ação brilhante do Grupo escolar no meio leopoldinense, como poderoso veículo de instrução, especialmente no seio das classes pobres, deu posse ao novo diretor, depois do compromisso legal e de desvanecedoras referências à pessoa do dr. Augusto dos Anjos”. Comenta o jornal conterrâneo que, na ocasião, Augusto dos Anjos, em curtas mas incisivas frases, “afirmou que procuraria por todos os modos corresponder à confiança que em si fora depositada, conduzindo aquele estabelecimento de instrução de modo a que os seus alevantados fins fossem completamente preenchidos”.(...) “Terminou sua fala, dizendo constar, para o desempenho de sua missão, com o concurso do corpo de inteligentes e dedicados professores do Grupo”.

Em seguida, continua a nota de O Norte, Dr. Augusto foi abraçado por todos os presentes.

“Após esse ato, o Dr. Rômulo Pacheco, em regozijo pela posse do novo Diretor, seu concunhado, convidou a todos os presentes a irem a sua residência, onde ofereceu a todos um copo de cerveja”. Era um tempo em que a posse de diretor de escola se encerrava com festa e regozijo.

Conforme a notícia, no mesmo dia da investidura no cargo, Augusto dos Anjos adotou algumas providências, inclusive o funcionamento diário da Secretaria do Grupo Escolar e a abertura de matrículas suplementares, apesar das férias concedidas pelo governo, até o final daquele mês, aos servidores da escola. “Ontem o Diretor fez as suas comunicações de posse às principais autoridades da Comarca e ao Secretário do Interior”.

Antes da nomeação, relata O Norte, citando nota do jornal O Paiz, do Rio de Janeiro, Augusto tinha sido professor na então capital federal, no Ginásio Nacional e na Escola Normal, depois de ter assumido a mesma função, no Lyceu da capital do Estado da Parahyba do Norte:

“e sabemos ser um rapaz de grande cultura e de alto valor intelectual, tendo dado já a publicidade de trabalhos que o sagram como homem de letras de muito merecimento”.

O jornal paraibano rebate as insinuações da folha de Leopoldina, que duvidava da honestidade e do critério administrativo de Augusto, e conclui dizendo que a aquisição para diretoria do grupo escolar da cidade mineira “deve ser motivo de ufania para esse estabelecimento de instrução”.

A partir de notícia anteriormente publicada em O Norte, tem-se conhecimento da sua passagem pela Escola Normal do Rio, “onde foi professor extraordinário”, e da sua dispensa dessa função, extinta com a reforma escolar. “Na Escola Normal do Rio recomendou-se muito pela sua inteligência e ilustração, sendo alvo de elogios dos mais respeitáveis professores do conhecido Instituto, inclusive do seu atual diretor, o talentoso professor José Veríssimo”.

No Rio, Augusto se destacou como professor suplementar. Lecionou a disciplina Geografia no Ginásio Nacional e exerceu a docência em outros colégios da Capital Federal, como o Instituto Poliglótico.

Concluo este texto transcrevendo trechos da matéria de O Norte. “Além de ter sólidos conhecimentos sobre diversas matérias, é poeta apreciado nas melhores rodas literárias do meio carioca”. Prossegue o jornal paraibano: “Publicou já um livro de versos a que deu o nome de ‘Eu’ e que foi acolhido no meio em que o lançou à publicidade – o Rio de Janeiro – com os mais desvanecedores elogios”.

Augusto vive na sua poesia, como afirmou o crítico literário e poeta Hildeberto Barbosa Filho. Augusto é um poeta amado.

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  1. Não estou reconhecendo este prédio, é aqui em João Pessoa?

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  2. Assino em baixo, Nunes. Parabéns. Francisco Gil Messias.

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