Demócrito, nascido em 460 a.C. e falecido em 371 a.C., é conhecido como um filósofo grego que versou temas referentes a filosofia da natureza, matemática, ética e música. Ele é reconhecido por ter desenvolvido a teoria atomística, fundamentada nas ideias de seu mestre Leucipo, um filósofo grego que viveu no século V a.C. A tese principal dessa doutrina é apresentar a matéria sendo infinitamente dividida até chegar a uma partícula indivisível, o átomo.
Segundo Demócrito, tudo no Cosmos é formado por átomos e o vazio. Essa teoria, introduzida pelos pensadores no século V a.C., impactou as interpretações mecanicistas da natureza que surgiram no século XVII e ainda influencia os conceitos sobre a constituição da matéria no Universo, as teorias da mecânica quântica, a teoria de campos que descreve o estudo de como um ou mais campos físicos interagem com a matéria e outros temas da física nos dias atuais. As teses principais apresentadas por Demócrito incluem a ideia de que os átomos são partículas individuais, eternas, invariáveis e em constante movimento, variando apenas em forma, tamanho, posição e ordenação. Ele também afirmava:
“Os corpos são compostos por combinações de diferentes tipos de átomos, alguns ardentes e esféricos”; “O deslocamento dos átomos em várias direções forma a pluralidade da matéria”.
A teoria atomista de Demócrito postula que os átomos possuem características como movimento, quantidade, dureza e forma, enquanto cor, sabor, odor, calor e frio são aparências que desencadeiam sensações nos sentidos. Essas propriedades são resultantes das combinações entre os átomos, que também colidem entre si, influenciando o surgimento, morte ou transformação das coisas. As leis que governam os átomos são fixas e imutáveis. Seu movimento é de rotação, colidindo em todas as direções e criando um vértice. As partes mais pesadas dos átomos migram para o centro, enquanto as mais leves se deslocam para a periferia. Durante o movimento vertical, os átomos mais pesados descem, empurrando os mais leves para cima, resultando na criação e dissolução infinita de inúmeros mundos que se criam e se dissolvem também infinitamente.
Segundo Demócrito, o átomo possui uma configuração original e singular. O que os distingue são suas características geométricas, posicionamento e organização. Esses três elementos que os diferenciam podem assumir infinitas variações. Os sentidos humanos não são capazes de detectá-los, mas a racionalidade aliada à lógica matemática pode descrevê-los. Por serem contínuos, os átomos são distintos dos demais corpos, que resultam da combinação de outros átomos. A qualidade de todos os corpos está intrinsecamente ligada à sua forma e ordem, que os compõem.
A Teoria do Conhecimento de Demócrito também é explicada por meio de sua Teoria Atômica. As interações entre os átomos provocam sensações nas pessoas, as quais são experimentadas no corpo humano. A filosofia de Demócrito sustenta que o conhecimento e a lógica não são capazes de explicar a totalidade das coisas, uma vez que o conhecimento varia de indivíduo para indivíduo e é influenciado pelas circunstâncias, geralmente não conferindo um critério universal para determinar uma verdade ou falsidade. Na racionalidade, a aparência é distinguida da realidade pela lógica matemática e a física por descrever a composição material da realidade.
Segundo o pensador, a lógica contribui para fundamentar a moral, com a finalidade de propiciar a felicidade, livrando o ser humano do medo do divino. Em sua filosofia, a natureza é autoexplicativa e os eventos não possuem uma causa primária, pois existem desde toda a eternidade, contendo tudo o que foi, é e será. Demócrito introduziu ideias inovadoras para o estudo de figuras geométricas, volumes, tangentes e números irracionais. Além disso, concebeu o conceito de um universo infinito, repleto de diversos sistemas solares e planetários no Cosmos. Sua dedução foi que uma galáxia é composta por estrelas tão pequenas e próximas umas das outras que é quase impossível distinguir uma da outra.
Ao refletir sobre ética, Demócrito argumenta que a felicidade é o objetivo da vida humana, que devem ser construídas por meio da moderação dos desejos, priorizando os prazeres da alma em vez dos prazeres físicos. Alguns trechos de seus escritos incluem:
"Deve-se ter respeito por si mesmo";
"As palavras são apenas sombras das ações";
"A natureza humana é um pequeno universo";
"Uma vida sem festas é um longo caminho sem descanso";
"A vida não vale a pena para aquele que não tem um amigo verdadeiro";
"É um sinal de grandeza de espírito tolerar os excessos alheios";
"É arrogante querer opinar sobre tudo e recusar-se a ouvir";
"Tudo no universo existe por acaso e necessidade";
“Aquele que se rende ao dinheiro nunca será verdadeiramente justo”;
“Não por receio, mas por dever, precisamos nos afastar dos erros”;
“Muitas vezes, a palavra é mais eficaz do que o ouro para persuadir”;
“Na questão da virtude, é crucial demonstrar com ações e não apenas com palavras”;
“Uma pessoa discreta não se entristece pelo que não tem, mas se alegra com o que possui”;
“Para mim, o valor de um indivíduo é tão significativo quanto o de uma multidão, e vice-versa”;
“Os animais são tão ou mais sábios que os seres humanos: conhecem a medida de suas necessidades, enquanto as pessoas frequentemente a ignoram”.