“Tolerância nunca é demais” é uma máxima que nos leva a refletir sobre a importância de aceitar e respeitar as diferenças entre os se...

Tolerância nunca é demais

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“Tolerância nunca é demais” é uma máxima que nos leva a refletir sobre a importância de aceitar e respeitar as diferenças entre os seres humanos e todos os demais seres criados por Deus. O conceito de tolerância, originado do latim tolerare, significa suportar, permitir ou aceitar aquilo que é diferente ou contrário às próprias convicções. A tolerância integra o conceito de caridade, como registrado na questão 886 de O Livro dos Espíritos, através da palavra “indulgência” empregada pelo Espírito de Verdade ao responder a pergunta de Allan Kardec. Isso nos mostra que a tolerância vai além de apenas aceitar as diferenças, mas também implica compreender e perdoar as falhas e limitações dos outros.

Essa virtude é essencial para promover relações harmoniosas e solidárias entre os indivíduos e comunidades. Ela é um elemento fundamental na construção de uma sociedade mais justa e pacífica, na qual as pessoas são capazes de conviver respeitosamente, mesmo diante de suas divergências. Somente através da tolerância podemos aspirar a uma paz mundial duradoura, na qual cada indivíduo seja valorizado e respeitado em sua plena diversidade.

É preciso reconhecer que existem diferentes tipos de intolerância, que se manifestam em várias esferas da vida social, como a religiosa, étnica, cultural, política e ideológica. Todos esses tipos de intolerância contribuem para a fragmentação e conflitos na sociedade, minando a construção de uma convivência pacífica e inclusiva. Historicamente, a intolerância tem sido uma realidade marcante, permeando diversas épocas e culturas. Desde os tempos antigos até os dias atuais, vimos a manifestação de preconceitos e discriminações em diferentes formas, como nas guerras religiosas, no racismo, na homofobia, na misoginia, na xenofobia e em tantas outras expressões de intolerância. Vivemos em uma sociedade marcada por características líquidas, materialistas, consumistas e hedonistas, em que, infelizmente, a intolerância persiste. As redes sociais, por exemplo, muitas vezes são palco para disseminação de discursos de ódio e intolerância, em que pessoas são atacadas por suas crenças, origens ou identidades.

A tolerância é uma virtude essencial que permeia todas as esferas da vida, desde a intrapessoal até as interações sociais mais amplas. Dentro de nós mesmos, a autotolerância nos permite aceitar nossas próprias falhas e imperfeições, cultivando assim um ambiente interno de compaixão e crescimento. Em família, a tolerância promove a harmonia e o respeito mútuo, permitindo que cada membro seja reconhecido e valorizado em sua individualidade. No trabalho, ela fomenta um ambiente colaborativo, onde diferentes ideias e perspectivas são consideradas e respeitadas. Na casa espírita, a tolerância é fundamental para acolher aqueles que buscam conforto e orientação espiritual, independentemente de suas crenças ou trajetórias. Em todas as áreas da vida, a tolerância não significa compactuar com o erro, mas sim cultivar uma postura de compreensão e respeito pelos outros, mesmo quando
suas opiniões ou comportamentos diferem dos nossos.

Quando estendemos o conceito de tolerância para além das interações interpessoais, percebemos sua relevância no cotidiano de nossas existências. Devemos praticar a tolerância não apenas em relação aos pensamentos e palavras dos outros, mas também em relação aos sentimentos, vibrações e ações que permeiam nossas próprias vidas. Isso implica em reconhecer a diversidade de pensamentos e emoções que habitam nosso ser, sem julgamento ou autopunição. Devemos permitir que nossos sentimentos fluam livremente, sabendo que cada experiência é válida e pode nos ensinar algo importante. Além disso, ao sermos tolerantes em nossas ações, reconhecemos a singularidade de cada ser humano e buscamos agir com gentileza e empatia, mesmo diante das diferenças. Assim, a prática da tolerância se torna não apenas um “ideal a ser alcançado”, mas sim um “modo de vida” que nos permite viver em paz e harmonia conosco e com o mundo ao nosso redor.

Felizmente, ao longo da história, têm surgido diversas iniciativas e ações globais para combater o preconceito, discriminação e intolerância em várias esferas da sociedade. No campo religioso, organizações inter-religiosas têm trabalhado para promover o diálogo interconfessional
e o respeito mútuo entre diferentes crenças. No âmbito científico, esforços estão sendo feitos para desmistificar estereótipos e preconceitos através de pesquisas e educação. Filosoficamente, correntes de pensamento humanistas têm enfatizado a importância da igualdade e da dignidade humana. No campo artístico e cultural, artistas usam sua arte como forma de promover a tolerância e a inclusão, desafiando narrativas dominantes e celebrando a diversidade. Além disso, iniciativas históricas, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, têm fornecido um quadro legal e ético-moral para o combate à intolerância em nível global. Essas ações coletivas são cruciais para construir um mundo mais justo e acolhedor para todos.

No entanto, apesar dos avanços significativos, ainda testemunhamos a persistência do preconceito, discriminação e intolerância em pleno século XXI. Casos de racismo, misoginia, homofobia e xenofobia continuam a serem registrados em diferentes partes do mundo, demonstrando que há uma necessidade urgente de intensificar os esforços para promover a conscientização e a educação em torno dessas questões. Além disso, o uso irresponsável das redes sociais tem amplificado discursos de ódio e intolerância, alimentando divisões e conflitos. Portanto, é fundamental que indivíduos, instituições e governos ajam de forma proativa para combater esses males, promovendo a inclusão, o respeito mútuo e a valorização da diversidade em todas as esferas da vida social.

Como nos ensina Bezerra de Menezes pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, na mensagem Divulgação Espírita (1969), publicada em Reformador (1977), “vivemos em um regime de interdependência total”, recordando-nos de que “sem comunicação não há caminho”. Assim, sejamos tolerantes, fraternos e solidários com tudo e todos, a fim de construirmos um mundo pacífico e pacificador que se inicia na mente e no coração de cada um de nós.


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