Em algumas noites, aprendo que o instante vale mais que o eterno.
No instante, posso suspirar profundamente e viver longas histórias que sempre ficarão inacabadas.
É quando me desnudo, me faço bonita, leve.
É quando sinto o coração preso na garganta, palpitando, aquecido.
É nesse instante, precioso, delicado, afetuoso, que me sinto viva.
E são esses, os preciosos instantes que deixarão saudades.
Estive numa intensa convivência com a Laura, minha neta, por quinze dias.
A rotina mudou, a casa teve bonecas e brinquedos em lugares indeterminados, as roupas ganharam uma gaveta no armário, meus objetos de arte foram explorados e utilizados para as grandes criações dela, meu celular passou automaticamente a ter vídeos do Tic Toc, filmes que ela mesmo fazia, e até postagens no meu Instagram.
Fomos à praia quase todos os dias com uma duração média de 2h30...na água, jogando bola, mergulhando, tentando visualizar tartarugas. O resultado é que ficamos muiiiiito morenas, a Laura aprendeu a boiar, e eu venci a resistência à água bem fria (que detesto). Desconfio que ela me considera uma vovó com idade de 8, ao invés de 68 anos. Tivemos direito a vários picolés, que eram o único motivo para que ela saísse da água.
Ficamos numa fila quilométrica para andarmos numa roda gigante. Minha oposição, e… medo, perderam para o argumento dela de que, “andar numa roda gigante era o seu sonho de infância”, isto aos 8 anos.
Sei que esta é a fase mais lúdica da vida e estar em constante movimento é o que a deixa feliz. Nestes poucos dias, ela me ensinou paciência, flexibilidade e a importância de abraçar a alegria ingênua em todos os momentos do dia a dia. Transbordei de felicidade.
Foi difícil dizer adeus, mas tenho certeza que fortalecemos nossos vínculos, tivemos experiências significativas e criamos memórias preciosas que, em algum tempo, ela se lembrará com carinho.