Os textos políticos do jurista e economista alemão Maximilian Karl Emil Weber (1864 — 1920) abordam as interações entre indivíduos na sociedade, destacando as atuações deles como fonte de informações para análises sociológicas. Seus conceitos de poder e dominação são fundamentais em sua teoria sociológica. Em seu livro "Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva" (1921), no volume 2, no capítulo 9, o autor explora temas relacionados à "sociologia da dominação".
Na sociologia weberiana, o poder é visto como a capacidade que alguém tem em impor sua vontade em uma relação social, mesmo diante de resistências, independentemente da base sobre a qual se apoia. As diferentes características e circunstâncias de poder colocam as pessoas em situações que podem exigir obediência aos interesses do dominador. Considerando isso, dominação é entendida como a capacidade de impor comandos específicos, que são obedecidos e seguidos por um grupo de indivíduos. Consequentemente, deve haver a disciplina para obter a obediência imediata e automática de uma forma previsível de uma comunidade, aglomeração, associação, corporação, conforme sua orientação prática com a finalidade de cumprir a ordem de comando.
O conceito de disciplina de Weber abrange a ideia da obediência em massa sem questionamentos nem resistência. A dominação se baseia na presença eficaz de alguém emitindo comandos a outrem. Por exemplo, um líder domina seus subordinados ao impor sua vontade. Segundo Weber (2002, p. 97-98), "A natureza de uma associação é determinada por vários elementos: o modo como a administração é conduzida; a personalidade dos envolvidos; os objetos controlados e a extensão do poder de domínio. Os dois primeiros fatores, em especial, estão ligados à legitimidade da autoridade".
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A relação de dominação ocorre quando algumas pessoas obedecem a uma ordem emitida, seja de um único indivíduo ou de vários. A dominação surge de uma dinâmica social desigual de poder, com um lado exercendo comando e outro obedecendo. Dessa forma, ocorre a supremacia em qualquer situação em que indivíduos estejam subjugados ao controle de outros. No entanto, a superioridade se distingue das dinâmicas de poder em geral por ter uma disposição à estabilidade, buscando se manter sem gerar confrontos. Dentro desse cenário caótico, as relações de supremacia dentro de uma comunidade são marcadas pela busca de legitimidade, visando ser reconhecidos como fundamentais para a preservação da ordem social.
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Max Weber identificou três formas puras de dominação legítima, cada uma originando distintas categorias de autoridade. Tais classificações são consideradas puras por só serem encontradas isoladamente pela teoria, combinando-se ao serem observadas em exemplos concretos. Os tipos de dominação são:
▪ A dominação tradicional: refere-se a uma situação em que a obediência é motivada por hábitos constituídos por costumes, pois tal conduta já se tornou parte da tradição. Trata-se de uma supremacia enraizada na cultura de uma comunidade ou sociedade. Um exemplo evidente é o modelo de família patriarcal, onde os filhos obedecem aos pais por uma relação de fidelidade há muito estabelecida e respeitada.
▪ A dominação carismática: a relação é estabelecida pela confiança dos subordinados nas habilidades superiores do líder, que podem variar desde dons sobrenaturais até coragem ou inteligência. Por exemplo, grupos religiosos que se concentram nas lideranças de sacerdotes ou pastores, atraindo uma grande quantidade de seguidores unicamente com base em suas habilidades e conhecimentos pessoais, sem a necessidade de recorrer à força.
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▪ A dominação legal: a submissão do grupo de indivíduos acontece através de um conjunto de leis formalmente estabelecidas e aceitas por todos os envolvidos. Essas regras determinam quem deve obedecer e em que medida. Por exemplo, um gestor político que segue as leis da Constituição (Carta Magna), um empregado que segue as ordens de um superior de acordo com as cláusulas, regras ou leis do contrato assinado.
A base da dominação na teoria sociológica de Weber é atribuída a diferentes fontes de autoridade. De acordo com essa concepção, a luta é algo essencial na política e na vida em sociedade. Muitas vezes, tal competição não é apenas pelo poder com o intuito de enriquecer financeiramente, mas também pela busca de reconhecimento social que o poder proporciona. A vitória daqueles que possuem determinadas qualidades —
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seja por meio da força, da devoção, da originalidade, da técnica demagógica ou da dissimulação — aumenta suas chances de se inserirem em uma relação social, seja como funcionários públicos ou privados, diretores, gestores, empresários, líderes religiosos ou detentores de cargos políticos. Esse processo é denominado seleção social e resulta numa realidade composta por uma complexa rede de estruturas de dominação.
Ter o controle de dominar é ter o poder de atribuir ao conteúdo de força das relações sociais de conflito o significado que beneficie o dominador ou grupo de dominadores. A disputa por essa representatividade é um reflexo da progressividade dos benefícios particulares na convivência coletiva ou em grupo, também de determinar a imposição majoritária dos interesses coletivos nas relações sociais de luta. As posturas subjetivas de cada indivíduo inserido nessa estrutura passam a se consolidar na crença de uma ordem legítima, que eventualmente coincide com os interesses e desejos do dominante ou na possibilidade de um bem comum. Nesse sentido, a dominação é um processo que busca assegurar a continuidade das relações sociais, a existência da sociedade e o pertencimento de todos os indivíduos.
