Nessa pandemia tivemos que nos virar nos 30 para sobreviver. Entre quatro paredes. O trabalho doméstico foi um peso, mas também uma saída, os vinhos, as leituras, filmes e séries também. Tudo valia para driblar o medo e a ansiedade.
Passado o pior, alguns hábitos adquirimos. Mais caseiros. Mais festivos (sair da toca é preciso! Alguns amigos falam que vivo na rua. E é verdade. E não é!); sextou e sabadou; nem sempre tenho que estar numa happy hour.
Lilia Schwarcz / Nilton Bonder INB / Léo Martins
Duas personalidades que passaram a me nortear o dia, através dos seus posts no Instagram, foram: a antropóloga Lilia Schwarcz, recém eleita para a Academia Brasileira de Letras, e o rabino Nilton Bonder, que conheci através do seu livro A Alma Imoral, e da peça homônima adaptada e encenada por Clarice Niskier, quando tive a oportunidade de assistir numas férias ao Rio de Janeiro, anos atrás. Os posts da Lilia são uma verdadeira aula de história, política e semiótica (gosta de ler imagens). E os posts do Bonder, além de imagens originalíssimas, falam das coisas da vida, do mundo e da alma. O meu bálsamo todas as manhãs.
Gosto da escritora e podcaster Tati Bernardi. Há tempos que leio as suas crônicas ácidas e irônicas na Folha, mais quando tinha o jornal impresso nas mãos. De uns tempos para cá, maratonei o seu podcast, “Desculpa, alguma coisa”, onde entrevista celebridades ou não, pessoas interessantes do meio artístico e que, me distrai enquanto lavo louça, nas madrugadas ou nas horas nada mortas. Também passei a ouvir “Cartas de um Terapeuta”, do Alexandre Coimbra, psicólogo e terapeuta familiar, onde através de cartas, esse educador da alma humana, vai fazendo uma leitura apurada dos problemas tantos e de todos nós como, sonho, abandono, destino, carreira, belezas da vida, julgamento moral e tantos outros.
Mas também me enrosquei com o psicanalista Christian Dunker que, junto também com Tati Bernardi, aprendiz afiada da psicanálise, destrincham com maestria o inconsciente dos que escrevem com os seus abismos. no podcast – “Desculpa o Transtorno”. As neuras mais esdrúxulas, sobre farsa, inveja, cancelamento, Toc, e tantos outros transtornos que nos aflige na nossa vida de hoje.
Outro que muito aprendi foi o podcast, “Mamilos: Diálogos de Peito Aberto", com Cris Bartis e Juliana Wallauer, esse com esse título curioso vai muito além do bico do peito. Passeia sobre Sociedade e Cultura. Com mais estrada de tempo, ouvia um aqui outro acolá, até que as moças participaram do programa Saia Justa, GNT, e sempre traziam temas interessantes, inclusive na área de educação.
Recentemente tomei conhecimento do “Elas por Ela”, podcast comandado pela jornalista, Edileide Vilaça, mas que ainda tenho que me atualizar. Aliás, esse mundo é vasto mundo, e não damos conta dos assuntos. Que por sinal é um outro — O Assunto—, com Natuza Nery, em que nos atualizamos da Política.
São tantos os podcasts, que anoto, que são citados, mas o que mais me pegou de jeito foi o “Sexoterapia”. Já com onze temporadas, tem como mediadoras, a psicóloga e terapeuta sexual Ana Canosa, uma descoberta para mim, ouvir essa profissional tão competente e tão divertida, como também a Bárbara dos Anjos lima, editora da Universa, em que recebem convidados para falar de sexo, sexualidade e relacionamentos. A cada temporada um tema diferente. Da altura dos meus anos, tenho aprendido muito e reavaliado outros tantos assuntos da sexualidade. Temas todos como: paixão, amor, relacionamento tóxico e abusivo, responsabilidade afetiva, egoísmo no casamento, relacionamento aberto, amor romântico, fluidez sexual, tesão, sexo na maturidade, terceira idade, sexo casual, toda mulher é meio lésbica? autoestima, tabus, fetiches, brinquedinhos, machismo e disfunções sexuais masculinas, infidelidade, pornografia, descompasso sexual e tantos outros temas instigantes. Gostei demais da temporada dos 7 pecados capitais. Ouvir sobre culpa, luxúria, preguiça, inveja, gula, ira, avareza, soberba, na vida sexual foi uma aula. E divertida.
Claro que tem outros mil podcasts acontecendo, mas como o assunto da sexualidade me interessa por demais, me deleitei com esse em especial. As meninas são engraçadas e sabem falar do tema abertamente, sem tabus, mas também com toda a graça e irreverência dos seus saberes.
Tudo isso temperado com as “Sextas de Música”, do jornalista Silvio Osias, que nos leva a passear por movimentos, músicos, cantores, ondas, festivais, e tudo sobre a nossa música, mas não só. Um alento para as manhãs dos meus domingos.