Esse foi o tema da Roda de Conversa para a qual fui convidada, pelo Ministério Público do Trabalho na Paraíba, em alusão ao Mês da Mulher. Uma alegria esse convite. Ainda mais, na companhia da atriz e educadora Zezita Matos, e da escritora e também professora, Patrícia Rosas. Na verdade, na sincronia de todas sermos professoras.
Imagens PRT13
A ideia era que falássemos um pouco da nossa trajetória e a luta das mulheres. Fui a primeira a falar. Comecei com flashes da minha experiência feminista, meu trabalho de professora de Línguas Estrangeiras, minha trilha pela crônica e os meus olhos bem abertos à opressão feminina, já que venho de uma casa de quatro meninas. Depois falei dos entraves da maternidade, carga mental, e da violência contra a mulher, feminicídio, duas pautas que atingem o movimento e o mundo inteiro, mas, mais agressiva e violentamente no Brasil, uma vez que os dados das nossas mulheres assassinadas são estarrecedores.A autora, com Zezita Matos
Mas foi a escritora e professora Patrícia Rosas que arrancou as nossas lágrimas com o seu relato. Viveu em condições de vulnerabilidade a sua infância no Lixão de Campina Grande, e lá se viu diante do corpo fedido e envergonhado. Quando foi para a escola, a professora esperava os alunos para o acolhimento com um abraço. Ela ficava por último com vergonha do seu cheiro de lixo entranhado no corpo. Quando a professora a abraçou, ela sentiu um cheiro de perfume, cheiro esse que soprava aos seus sentidos todos, mas principalmente aos seus ouvidos o que queria ser Professora para cheirar a perfume. Sua mãe, uma mulher do lixão, e sozinha, pai alcoólatra, botou os 6 filhos para estudar. E Patrícia não parou mais.
... com Patrícia Rosas
Fomos muito aplaudidas por um auditório lotado de mulheres e de homens. E o que me alegrou foi o retorno desses homens que também nos ouviam atentamente. Comentários, perguntas, feedbacks e o desejo de interagir nas questões e desafios postos.
Dannielle Dutra de Lucena (Procuradora do Trabalho), Zezita Matos, Rogério Sitônio Wanderley (Procurador-chefe da PRT13), Ana Adelaide Peixoto, Patrícia Rosas e Herminegilda Leite Machado (Desembargadora do Trabalho)
Voltei para casa cantarolando Cartola, “simplesmente as rosas exalam, o perfume que roubam de ti...”