Nossa história começa em El-Mejdel ou Migdal, mais conhecida como Magdala, cidade localizada ao norte de Tiberíades e perto do Lago Genezaré. Conhecida por receber pessoas de costumes e religiões diversas.
Era diferente de todas, uma vez que era próspera pelo imenso e diversificado comércio de peixes salgados, tecidos e produtos agrícolas. Se quisesse se manter como uma rota internacional teria que ser tolerante com os contrastes que desembarcavam em seu porto.
Maria era alta, magra, tinha cabelos bonitos, feições agradáveis, sorriso largo, olhos penetrantes, voz aveludada. Quando passava nas ruas, sua beleza e leveza chamavam atenção ao mesmo tempo que assustava pelo seu ar de mulher independente, diferente de todas daquela época.
Seu jeito fascinante transmitia uma personalidade inquieta, teimosa, desobediente e inquisitiva. Gostava da luxúria.
Era ao mesmo tempo alegre e melancólica.
Morando em Magdala, onde convivia com culturas judaica e helênica, uma pessoa com o temperamento e comportamento como o de Maria estava propícia ser morada de espíritos impuros.
Wilma Tomazoni no seu livro “Maria Madalena, um mito do cristianismo” diz: “O Papa Gregório Magno (540-604) declarou que Maria Madalena, Maria de Betânia e a pecadora anônima eram a mesma pessoa.”
Enquanto pregava na cidade de Betânia, Jesus recebeu convite de Simão, o fariseu leproso, “venha ceiar em minha casa”.
Quando estava à mesa, Maria tida como pecadora entrou e pôs-se aos pés de Jesus. A emoção de estar diante do Mestre a fez chorar copiosamente, suas lágrimas eram tantas que banhavam os pés dele.
Ela beijou-os e enxugou-os com seus cabelos. Não se dando por satisfeita derramou na cabeça dele um perfume muito caro, usado para ungir os corpos antes do sepultamento.
O dono da casa e seus convidados, inclusive os discípulos, ficaram espantados com tamanha falta de respeito ao tocá-lo e o desperdício.
Jesus, notando a inquietude dos presentes, colocou a mão na cabeça de Maria e declarou: “Essa mulher fez por mim o que nem o anfitrião se propôs a fazer, lavou os meus pés e beijou-os, ungiu minha cabeça com perfume, ela demonstrou muito amor.”
Com seu olhar amoroso e terno disse para Maria: Perdoados te são os pecados.
Maria sentiu que os demônios que a acompanhavam em forma de pecados a tinham deixado para sempre, a leveza da alma devolveu o brilho aos seus olhos. Era como se as estrelas tivessem invadido o corpo dela.
Lázaro, que morava em Betânia, irmão de Maria e Marta, fica doente, mas Jesus já havia saído para outra cidade.
As irmãs mandaram um mensageiro avisá-lo da enfermidade, “diga a Jesus que seu amado amigo Lázaro está doente e pode morrer, que ele precisa vir o mais rápido possível.”
Quando Jesus chega já tinham se passado três dias da morte de Lázaro.
“Se tivesses chegado antes meu irmão não teria morrido” - disse Marta. Jesus, comovido com as lágrimas dela, e de todos os presentes, sentiu a tristeza no espírito e mandou Marta chamar Maria.
Quando, porém, Maria chegou onde Jesus estava e o viu, lançou-se aos seus pés e disse-lhe: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!”
Tomado, novamente, de profunda emoção, Jesus foi ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra.
Jesus ordenou: Tirai a pedra.
Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: Pai, rendo-te graças, porque me ouviste. Eu bem sei que sempre me ouves, mas falo assim por causa do povo que está em roda, para que creiam que tu me enviaste. (João, 11,41-43)
Depois destas palavras, exclamou em alta voz: Lázaro, vem para fora! (João, 11,44)
Jesus parte com seus discípulos, deixando Maria, Marta e Lázaro banhados de felicidade e júbilo.
Sabendo da passagem de Jesus novamente pela cidade, Marta recebeu-o em sua casa, Maria sem cerimônia se sentou a seus pés para ouvi-lo falar.
Essa atitude da irmã incomodou Marta que foi ao Mestre reclamar, “Senhor ordena que Maria venha me ajudar na lida da casa, estou sozinha com tantos afazeres enquanto ela desfruta da tua companhia no meio que só tem homens.”
Jesus com voz maleável respondeu: Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada. (Lucas, 10, 41-42).
Maria ficou ali, sem se importar com os olhares de repreenda dos homens.
A partir daquele dia Maria passa a segui-lo, como também algumas mulheres, Joana a mulher de Cuza, procurador de Herodes, Maria, mãe de Tiago e de José, a mãe dos filhos de Zebedeu, Susana e muitas outras que o assistiam com suas posses.
Ela seguia Jesus tão fielmente que ocupava o primeiro lugar na lista das mulheres que o acompanhavam. Os discípulos tinham ciúme dela, manifestavam desprezo, o fato de Jesus tê-la como seguidora estava incomodando-os.
Jesus é preso.
Maria Madalena, Maria mãe de Jesus, Tiago e outros seguidores, assistem sofridos e impotentes ao julgamento e decisão de Pilatos em crucificá-lo.
Durante toda via crucis, ela sofre as dores das chibatadas e quedas do Mestre. Quando foi crucificado sentiu a dor de cada prego que atravessava a pele dele, era como se estivesse sendo também colocada naquele pedaço de madeira.