No recesso, tive a oportunidade de conhecer a obra A Mulher Carioca aos 22 Anos, do escritor — pouco divulgado — João de Minas (Ariosto Palombo). Pouco divulgado porque quem gosta de Nelson Rodrigues irá amá-lo. Considerando que o livro em questão é de 1930 (publicado poucos anos depois), é, portanto, anterior a Nelson.
O enredo é ambientado na cidade do Rio em torno de 1930. Certamente deve ter chocado a moral conservadora por falar abertamente de lesbianismo, ménage, cocaína, golpes, assassinatos, adultérios etc. Sofreria fortes críticas nos dias atuais, por apresentar expressões racistas, xenófobas e lipofóbicas, além de estereótipos do homem negro, quanto ao tamanho de seu órgão sexual e como objeto sexual e de desejo das mulheres.
Não sei o porquê das pessoas não conhecerem essa obra. O que mais me espanta é saber que o título é um alerta para que mulheres não se iludam no amor. A Mulher Carioca aos 22 Anos é representada por Angélica, carioca rica, que busca ao máximo conservar seus valores castos e românticos. Aos 22 anos, ela descobre que o amor, na verdade, é uma ilusão.
É o amor ilusório das mulheres cariocas que queriam ser mulheres, dentro de parâmetros morais aceitos, até descobrirem que nada disso existe. No caso de Angélica, não direi o seu fim. Como ocorre com toda mulher ingênua, foi triste. Angélica era forte, mas sua fraqueza foi idealizar o amor.
E você, mulher carioca, paraibana, paulista etc.? Com quantos anos acordou para a realidade da vida?