O desejo de viver e de morrer pode ser estudado pelos personagens Eros e Thánatos da Mitologia Grega. Também na Psicanálise do médico neurologista, psiquiatra austríaco Sigismund Schlomo Freud (1856 — 1939). A Mitologia Grega é um conjunto de contos e lendas que os gregos antigos usavam para explicar o mundo ao seu redor. Isso ocorreu aproximadamente mais de setecentos anos antes de Cristo. Eles criaram os fundamentos da cosmologia, da ciência, da filosofia, da literatura, da arte e da religião. A crença afirmava que as deusas e os deuses gregos controlavam
as forças da natureza e as ações humanas. Foram usados para explicar, também, os costumes, a cultura, a sociedade, a origem do Universo e da vida. O termo mitologia vem do grego antigo μιτος (mitos), que significa conto ou lenda, e λογος (logos/razão ou princípio da inteligibilidade), que significa estudo. A psicanálise freudiana surgiu no século 19. É um método que iniciou na investigação para o tratamento de distúrbios neuróticos. Essa teoria revelou a existência do inconsciente humano.
Na Mitologia Grega, Eros é o deus do amor, da fertilidade e da paixão. Thánatos é o deus da personificação da destruição e é representado por uma nuvem prateada que arranca a vida dos mortais. Na psicanálise de Freud, Eros é a energia vital que mantém o equilíbrio do psiquismo, motivando o ser humano a crescer, desenvolver-se e a impulsioná-lo à busca de bem-estar. Thánatos é a energia que motiva o ser humano a criar a própria destruição, eliminando o sentido de viver.
A médica e psicanalista russa Sabina Nikolayevna Spielrein (1885 — 1942), em seu artigo Destruição como origem do devir (1912), apresentou, pela primeira vez para ciência médica, o conceito de pulsão de morte. Esta definição influenciou a teoria da Metapsicologia desenvolvida por Freud que descreve a organização e o funcionamento do psiquismo nas obras Além do Princípio do Prazer (1920) e no Mal-estar na civilização (1929). Nelas, ele usa a expressão Todestrieb (“pulsão de morte”) sendo a oposição entre as pulsões do ego ou da morte e os instintos sexuais ou de vida. Em Além do Princípio do Prazer, um dos temas é sobre a compulsão à repetição, que leva o ser humano a reconhecer duas formas de impulsos: a pulsão de vida, que é lançada por Eros e representa a vontade de viver e de se preservar; outro é a pulsão de morte, que é lançada por Thánatos, que é o impulso destrutivo em direção à morte. Essas pulsões estão se movendo sempre simultaneamente para satisfazer a conservação da própria vida. Em O Mal-estar na Civilização, Freud demonstra que a cultura produz uma falha psíquica no indivíduo por meio do conflito entre as necessidades do indivíduo contra a brutalidade de uma sociedade, que é oprimido em suas vontades e vive na frustração do desejo de construir o pertencimento diante das expectativas de uma sociedade normativa e inflexível, surgindo o ódio nessa tensa relação. Uma forma do indivíduo suportar a exclusão social e suas falhas existenciais é cria um deus para sublimar o próprio mal-estar.
Sigismund Freud, em 1927, ao escrever O futuro de uma ilusão, descreve as origens da religião, o seu desenvolvimento e futuro. Para o psicanalista, o homem criou a religião para corrigir as imperfeições dos perversos relacionamentos humanos. A religião é uma neurose universal que são dogmas transmitidos pelos antepassados que são impedidos de serem questionados. As crenças religiosas apresentam o desejo de afirmar a existência de um pai e a continuidade da existência através da imortalidade da alma. A religião se apresenta como a necessidade de acolher o desamparo do homem no mundo que tem de enfrentar o destino cruel da morte; contra a luta embrutecida entre os homens, países e das destrutivas forças da natureza. Os senhores das religiões exercem a imagem de um pai que exorciza os terrores dos fenômenos naturais; anestesiam as dores de existir com a crueldade do destino. Os seguidores da neurose universal (religião) sublimam as próprias falhas psíquicas e existenciais através dos sofrimentos e de se torturarem nas privações que a vida civilizada impôs a eles. Nas patologias das ilusões alimentadas perversamente pelas religiões, o indivíduo — movido de pulsão de morte e de vida — necessita criar o próprio deus para eliminar o outro como uma forma de se purificar do próprio mal.
Para o psicanalista, a cultura e a religião criam a ilusão de afastar o indivíduo da selvageria humana, têm como objetivo conviver com as forças da natureza para dá suporte à vida e atender as necessidades do outro para que as relações humanas sejam harmonizadas. A neurose da religião gera o ‘reino do pai’ na cultura, mesmo que seja o reino do ódio e do terror que estão conduzidos pelos impulsos de Eros e Thánatos ou seja da pulsão de morte e de vida.