O homem é um animal filosófico. A opção pelo misticismo não se estende a todos, pois exige fé, mas a filosofia é inevitável...

Gurus filosóficos

Michel Onfray Lou Marinoff fisosofia
O homem é um animal filosófico. A opção pelo misticismo não se estende a todos, pois exige fé, mas a filosofia é inevitável em nossa relação com o mundo. Somos seres pensantes, e pensar é filosofar.

Apesar disso, tentados por soluções fáceis que nos prometem uma imaginária felicidade, vivemos afastados da filosofia. Temos medo dela, pois o roteiro dos filósofos exige de nós reflexão, disposição transformadora, avaliação contínua do nosso comportamento.

Michel Onfray Lou Marinoff fisosofia
Michel Onfray
Université de La Réunion
Os filósofos propõem uma meta aparentemente inatingível: a felicidade sem ilusões. Será que isso existe? É possível ao homem ser feliz no cru, isto é, defrontando-se com as dolorosas evidências que o cercam – doenças, desigualdade social, perspectiva da morte?

Filósofos como Michel Onfray e Lou Marinoff dizem que sim. Para eles é preciso que o homem deixe de lado os mitos, alimentadores da crença religiosa, e elejam a razão como guia.

Mais Platão e menos Prozac – propõe Marinoff, que publicou um livro com esse título e se rebela contra a ideia de que os antidepressivos podem nos trazer alívio existencial. O Prozac apareceu como uma espécie de pílula da felicidade. Chegou a estar na moda até que se descobriram seus perigosos efeitos colaterais, inclusive o de induzir ao suicídio.

Até hoje não consta que alguém tenha se matado depois de ler Platão. Morreram alguns adeptos do tal amor platônico, no século XIX, mas isso ocorria mais por deformação romântica do que pelo idealismo dos sentimentos.

Michel Onfray Lou Marinoff fisosofia
Lou Marinoff Ducere/Common Threads
Onfray é mais radical. Com um rigor bem francês, prega a abolição de todas as ilusões religiosas: “Só o homem ateu pode ser livre, porque Deus é incompatível com a liberdade humana”. Assim como Marinoff, ele procura estender a filosofia ao grande público e, de certa forma, ocupar o espaço hoje preenchido pelos gurus da autoajuda.

Se o projeto deles der certo, teremos daqui a algum tempo os filósofos fazendo concorrência aos psicanalistas e aos padres. Será mais uma alternativa a que entregar nosso inquieto espírito.

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  1. Vê-se que é muita gente a querer cuidar do nosso "espírito" - e ganhar dinheiro com isso, naturalmente. Parabéns, Chico. Gil.

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