Quanto a nós que estamos batendo uma bolinha no time “sub 80”, e disputando esse campeonato da sobrevivência pelos gramados da vida, po...

Vamos que vamos!

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Quanto a nós que estamos batendo uma bolinha no time “sub 80”, e disputando esse campeonato da sobrevivência pelos gramados da vida, podemos dizer que as coisas não são nada fáceis.

Algum engraçadinho, que não deve ter nem carteira assinada, provavelmente viva à toa pela vida, achou de inventar que essa idade de quem já tem motor acima do sete ponto zero é a tal da “melhor idade”. Onde esse infeliz foi achar tal disparate? A única vantagem que vejo é ganhar a comenda de “preferencial”. Recebemos até um diploma devidamente plastificado que nos permite, por exemplo, estacionar o carro em vaga que nos é devidamente reservada. Mas, só isso!

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Fila das necessidades especiais para nós, por exemplo, numa lotérica para pagarmos nossos boletos não compensa. É um sufoco danado. Pois vejam: Pode estar à nossa frente o centro avante dos sub 90 e aí a coisa complica. Ele vai se enrolar todo, tira uma maçaroca de papéis e leva um tempão para achar o que estava procurando. A fila não anda. Melhor descartar essa cortesia.

Qual a vantagem, então? Primeiro é irmos escapando enquanto podemos usar nossa reserva de energia. Se temos que suportar o andar já sem a desenvoltura de outrora, a saúde dando um susto aqui e acolá, a memória brincando de ser traiçoeira, podemos ainda nos vangloriar de certas experiências que os mocetões do sub 30 nem cogitam que pudessem ter existido.

Pois, olhem: Passamos por sete décadas, vivemos em dois séculos diferentes e atravessamos dois milênios. Um Joãozinho que tenha nascido no distante 980 d,C. e que tenha vivido uns cinquenta anos poderia dizer que teve uma experiência parecida. Parecida em termos de calendário, mas nem de longe presenciou o que presenciamos.

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Qual é o menino de hoje que sabe fabricar uma pipa e depois empiná-la nos ventos de julho? E a bolinha de gude? E fazer girar um peão?

Aqui em terras tupiniquins, o que vimos? Vimos Brasília nascer, Ouvimos a turma da Bossa Nova e nas tardes de domingo tínhamos a Jovem Guarda, E os festivais dos anos 1960? Quando iremos produzir uma geração tão talentosa como aquela? Cantamos as canções do Beatles e dos Roling Stones. Vimos Vandré entoar “Caminhando” e todo Maracanãzinho cantar com ele. Dançamos bem agarradinhos com a mocinha recatada nos bailes da moda; quando, vez ou outra, levávamos um fora quando íamos “tirá-las para dançar”. Namoramos escondido porque não havia essas facilidades de hoje. E como demorava para sair o primeiro beijo...

Assistimos nossa Seleção ser cinco vezes campeã do mundo. Também a vimos tomar uma pisa de 7 a 1 (mas isso a moçadinha de agora também viu!).
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Uma garotada vestiu nossa amarelinha em 1958 para nos fazer entender que não éramos um país de vira-latas. Como devemos àquelas criaturas saídas desse cantinho até então esquecido do mundo e que encantaram o planeta com a destreza dos dançarinos e o encanto dos passarinhos? Na cola deles apareceram Éder Jofre, nosso “galinho de ouro”, a Maria Ester Bueno, o pessoal do basquete que ganhou um campeonato mundial e um bronze nas Olimpíadas de Londres. Ah, esse pessoal dos esportes, vira e mexe nos enche de orgulho.

Vimos o golpe militar, mas estávamos lá para ver o país se abraçar nas “Diretas Já”. Passamos pela hiperinflação e por outras mazelas e tivemos forças para superá-las. Até por uma pandemia fizemos uma viagem cheia de mortes e tragédias, mas escapamos.

Ouvimos novelas no rádio e presenciamos o fenômeno da televisão se espalhando pelos lares, depois a TV a cores na década de 1970.
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Foi aí, em 1970 que assistimos ao vivo pela primeira vez, os jogos de uma Copa e começávamos a presenciar a revolução no universo das comunicações.

Que novidade foi o DDD para acudir nossas ligações telefônicas interurbanas que demoravam horas para se completarem. Hoje conversamos com alguém lá em Pequim olhando para a cara do sujeito. Quem imaginaria isso quarenta anos atrás?

Nossa geração ainda mal se alfabetizara quando Yuri Gagarin foi dar um passeio pelo espaço a bordo da Vostok 1. Que feito para humanidade. Oito anos depois, Armstrong seria o primeiro homem a colocar o pé na lua. Quinhentos milhões de telespectadores viram o feito. Eu, entre eles.

Quantas coisas? E na medicina? O primeiro transplante de coração pelo doutor Christiaan Barnard assombrou o mundo e na carona aconteceram transplante outros órgãos. Até morrer está mais difícil.

Meninos, eu vi tudo isso! Uma distinção, sem dúvida. Mas meus amigos, trocaria esse privilégio para ter vinte anos novamente. Jogar no sub 80, cansa. E como cansa!

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  1. Ainda estou chegando aos 60, mas mesmo que meio caçula, tô nesse time! Show de bola. Delicioso texto

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  2. Verdadeiramente um privilégio de poucos.
    Marco di Aurélio

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  3. Na mosca! Esse é o meu querido Gutão sabido!!!!!!

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  4. Uma reflexão cheia de saudades dos bons tempos que não voltam mais.

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