Nas caminhadas com os pés na areia molhada, vez por outra pisando espumas, estabelece-se um elo de magnetismo, ora cósmico, ora místico, a nos provocar envolvente sensação de uma verdade que desconfio seja fé. Não a fé dogmática, ensinada, aprendida, comprada, mas um estado inebriante de segurança, como se o ego explodisse, se espalhasse por tudo ao redor e voltasse entrando pela pele, pelo cheiro, pelo som e pela visão oceânica das exuberantes belezas à margem do Atlântico, testemunhadas por todos os sentidos do corpo e do espírito.
Como é bom soltar a imaginação e, de repente, imaginar-se caminhando na superfície do imenso planeta, por uma borda de terra e mar, com o céu refletido no abismo a brilhar do chão molhado. Nesse momento as pisadas nos fazem levitar bem no meio do transparente limiar entre dois céus de nós mesmos.
Mais na frente, uma coisa de que já falamos por aqui e que sempre nos chama atenção: os privilegiados urubus destas monumentais falésias. Que animais de sorte! Livres e privilegiados, com tudo isto sob si e só para si, sem ser perturbados por qualquer intruso, nem precisar sequer movimentar as asas para flanar sobre um cenário tão paradisíaco.
Lembrei de que em outra caminhada um grupo deles se reunia em terra ao redor de um banquete trazido pelo mar. Ao noa aproximarmos, vimos que era uma tartaruga marinha cuja cabeça certamente ficou presa em uma das redes que ali são içadas indiscriminadamente. Lembrei de tê-las visto outrora brincando nos corais em frente à nossa casa, um nicho favorito de seu habitat... Pensei em denunciar... mas, que nada, vão fazer o quê?
Deixemos as tartarugas e voltemos aos urubus. A eles só a brisa e a contemplação da paisagem interessam. Vez por outra, dois ou três alçam voo e planam sem o menor esforço, com movimentos deliciosamente suaves e harmônicos.
Há uma patota que costuma estrategicamente sempre se reunir em galhos no topo de um pequeno monte da encosta colorida por nuances de argila, salpicada de arbustos, em encantadoras assembleias matinais. E lá se avistam em harmonia, sem nem imaginar que são tão discriminadas pela poesia humana... Tão repudiadas pela maioria... que além de ignorar a grande contribuição que dão à Natureza, não percebe o lirismo que costumam emprestar àqueles céus, àquela paisagem, àquela vida de liberdade, paz e aconchego. Que felicidade! Além do visual que desfrutam habitam um lugar deveras seguro, longe e protegido dos que deles se enojam e os chamam de “abutres”.
Intimamente, com certo regozijo de superioridade, eles parecem saber muito bem quem sempre foram e continuam sendo neste mundo os verdadeiros abutres...
Como é bom soltar a imaginação e, de repente, imaginar-se caminhando na superfície do imenso planeta, por uma borda de terra e mar, com o céu refletido no abismo a brilhar do chão molhado. Nesse momento as pisadas nos fazem levitar bem no meio do transparente limiar entre dois céus de nós mesmos.
Mais na frente, uma coisa de que já falamos por aqui e que sempre nos chama atenção: os privilegiados urubus destas monumentais falésias. Que animais de sorte! Livres e privilegiados, com tudo isto sob si e só para si, sem ser perturbados por qualquer intruso, nem precisar sequer movimentar as asas para flanar sobre um cenário tão paradisíaco.
Lembrei de que em outra caminhada um grupo deles se reunia em terra ao redor de um banquete trazido pelo mar. Ao noa aproximarmos, vimos que era uma tartaruga marinha cuja cabeça certamente ficou presa em uma das redes que ali são içadas indiscriminadamente. Lembrei de tê-las visto outrora brincando nos corais em frente à nossa casa, um nicho favorito de seu habitat... Pensei em denunciar... mas, que nada, vão fazer o quê?
Deixemos as tartarugas e voltemos aos urubus. A eles só a brisa e a contemplação da paisagem interessam. Vez por outra, dois ou três alçam voo e planam sem o menor esforço, com movimentos deliciosamente suaves e harmônicos.
Há uma patota que costuma estrategicamente sempre se reunir em galhos no topo de um pequeno monte da encosta colorida por nuances de argila, salpicada de arbustos, em encantadoras assembleias matinais. E lá se avistam em harmonia, sem nem imaginar que são tão discriminadas pela poesia humana... Tão repudiadas pela maioria... que além de ignorar a grande contribuição que dão à Natureza, não percebe o lirismo que costumam emprestar àqueles céus, àquela paisagem, àquela vida de liberdade, paz e aconchego. Que felicidade! Além do visual que desfrutam habitam um lugar deveras seguro, longe e protegido dos que deles se enojam e os chamam de “abutres”.
Intimamente, com certo regozijo de superioridade, eles parecem saber muito bem quem sempre foram e continuam sendo neste mundo os verdadeiros abutres...