O engenheiro e capitão italiano Agostino Ramelli (1531—1610) nasceu na comuna de Ponte Tresa, hoje um Cantão da Suíça. Ele viveu no ápice do Renascimento e foi inventor de inúmeros mecanismos para fins militares. Na França, ele criou a “obra” que lhe deu fama até o hoje, a “roda de livros”, que nada mais era do que uma estante de livros rotativa que lhe possibilitava ler, consultar e pesquisar várias obras sem precisar sair de sua cadeira.
Os livros ficavam em uma roda gigante, que girava igual um moinho movido a água. Dessa forma, o leitor absorvia múltiplos conhecimentos de diversos autores sem se dirigir até a próxima estante da biblioteca, e sem preencher sua escrivaninha com aquela tradicional pilha de livros. Podemos dizer que Rameli foi o bisavô das bibliotecas digitais da "web", inovadoras no quesito “empilhar para ler”.
Nossos ancestrais muito criativos pensavam à frente nas atividades humanas, antes do surgimento da tela do celular em nossos dedos. Por exemplo, criaram o antigo hábito de ler e preencher suas cabeças com algo que não era apenas queixas diárias, ou retirar o foco do próprio umbigo e se tornar um ser capaz de conviver com os psicopatas do cotidiano.
Porém, o “avô dos e-books” foi o poeta Bob Brown, que viveu entre as décadas de 1930 e 1940 no Rio de Janeiro. Esse honroso título lhe foi dado pelo “New York Times”. Ele fundou uma revista de negócios chamada “Brazilian American” e foi autor de literatura popular, roteirista de cinema, jornalista, editor e artista de vanguarda.
Nasceu em Chicago em 1886. Seu nome completo era Robert Carlton Brown. Ele perseguia inovações no âmbito literário, pensando em melhores formas para disseminar o conhecimento por meio do livro. Inquieto e resoluto, considerada que a palavra escrita não conseguia acompanhar o tempo.
Para continuar lendo na velocidade daqueles dias, Brown precisou de um instrumento, uma máquina simples de leitura que permitisse que ele pudesse carregar consigo, ligar em qualquer tomada e ler romances de centenas de milhares de palavras em dez minutos, caso desejasse.
A tal máquina — que chegou a ter um protótipo construído por um amigo — tinha uma fita de texto correndo por trás de uma lente de aumento a uma velocidade controlada pelo leitor. Estava mais para um microfilme do que para uma reprodutora de livros.
Mr. Brown não queria parar por aí. Ele antevia o dia em que as palavras seriam “gravadas diretamente no éter palpitante”. Era um poeta. Não imaginava como a web, em 2024, necessitaria ser embebida em éter para acalmar sua efervescência.