Germano Romero é arquiteto, cronista e... bacharel em música. Eu, que tantas vezes lhe passei mensagens parabenizando-o pelos textos nos jornais, principalmente sobre suas viagens mundo afora, já me dispunha a escrever sobre as obras arquitetônicas que tem criado na cidade, quando me deparei no Youtube com um programa Parada Obrigatória, seu, para a RCTV local e com o nome NOS CAMINHOS DE BACH.
Germano Romero (Arnstadt, Alemanha) ALCR
Muuito bom. Imagine o que é ter os ambientes em que o imenso gênio alemão viveu, apresentados por quem tem a música no sangue... e a arquitetura. Dá prazer o prazer com que “namora” as flores, estradas e as construções (tudo muito bem fotografado) do mundinho interiorano de Eisenach – onde Johann Sebastian Bach nasceu -, Arnstadt, Ohrdruf, Lüneburg, Mühlhausen e Weimar, onde trabalhou e viveu... até morrer em Leipzig. Todos os 55 minutos do documentário têm como trilha uma esplêndida seleção de composições – coisa de quem tem o autor na palma da mão.
Alaurinda e Carlos Romero em frente à casa de Bach (Eisenach) / Busto de Bach em Leipzig / Germano Romero em Weimar ALCR
Fiquei sabendo, inclusive, que o homem – que gostava de numerologia - dava enorme valor ao fato de que as letras B.a.c.h - têm o valor numérico ( 2 + 1 + 3 + 8 ) 14 e J.S. Bach, o inverso: 41, pelo que os utilizava como contraponto, levando-me – ah, se eu acreditasse nessas coisas! - a ver minha data de nascimento como razão para também venerar o criador dos indescritíveis Erbarme Dich, dos Concertos Brandeburgueses, do Jesus Alegria dos Homens, da Tocata e Fuga em Ré, do Prelúdio número 1 para cello, etc, etc, e do Prelúdio para piano que ilumina o belo filme Bagdad Café e a Ave-Maria de Gounod. Sou de 14/05/1941 – 14 no princípio e 41 no fim - , sendo que 14 + 5 ( maio ) geram o 19 que encabeça o ano 19... 41.
Igreja Thomaskirche / Estátua de Bach (Leipzig) / Germano e Carlos Romero em Eisenach ALCR
Mas como explicar, entre outras, a bardolatria? Sistemas: apoio dos artistas para suas criações – como vi Eli-Eri compondo usando a série Fibonacci, como soube que Eisenstein criou o Couraçado Pontekin com a seção áurea, e por aí vai. Tudo muito bom.
E creio que o documentário de Germano Romero – livre do tempo prescrito para o programa – vai ganhar imensamente sem algumas reiterações de imagens. Um passeio soberbo, que começa onde nasceu Johann Sebastian Bach e que segue toda a sua trajetória, apresentada pelo arquiteto paraibano. Só a trilha sonora e os detalhes arquitetônicos, apresentados por quem é arquiteto e foi aluno de meu amigo, maestro José Alberto Kaplan, já valem a pena.
No mais, nota 10 para o roteirista, diretor e apresentador.
