O tataravô da sofrência foi Ludwig Van Beethoven. Ele bebia muito em consequência de seus devaneios emocionais, o que colaborou com a s...

A melancolia e a preguiça

O tataravô da sofrência foi Ludwig Van Beethoven. Ele bebia muito em consequência de seus devaneios emocionais, o que colaborou com a sua morte prematura. A perda da audição não foi uma predisposição genética como alguns pensam. Esse ainda é um mistério que nos surpreende e assombra.

Foi do pai Johann que Beethoven recebeu suas primeiras lições de música; o objetivo era afirmá-lo como “menino-prodígio ao piano”, dada sua habilidade musical desde cedo. A partir dos cinco anos, seu pai passou a obrigá-lo a estudar música diariamente, durante muitas horas. O pai terminou consumido pelo álcool, e isto tornou a infância de Ludwig muito infeliz.

A perturbação emocional daquele pai pode ter sido apenas uma característica individual, que não preencheria critérios para um diagnóstico psiquiátrico. É um típico sintoma que pode estar presente em muitas pessoas, por ser um comportamento repetitivo, peculiar, capaz de gerar danos físicos e psicológicos ao próprio indivíduo ou aos que estão ao seu redor.

Essa salada de emoções e comportamentos exagerados fez surgir o conceito de psicopatas do cotidiano, que são indivíduos como o pai de Beethoven. Eles não chegam a perder o juízo da realidade, mas a maneira como interagem com o mundo transforma-os em pessoas de difícil convivência.


O simpático conceito que vovó oferecia aos mais difíceis de lidar, como sendo indivíduos com “um parafuso a menos”, abreviava a interpretação necessária do entendimento complexo dessas pessoas.

O fato é que o susto da possível presença de uma doença emocional nos impede de crer que ela exista. Por isso, a falta da colocação desse parafuso passa por aceitar a realização
de um tratamento especializado, que pode colaborar na saúde mental coletiva.

O temperamento e o caráter costuram nossa personalidade nas entranhas do dia a dia, permitindo que sejamos alguém onipresente, pleno e com algum potencial humano para oferecer. Abrir mão da convivência atraente entre nós não é uma opção saudável como aquela troca de olhares, gestos e palavras com o colorido emocional mantido pela individualidade que possuímos para oferecer.

Não espere consertar o outro com seus conselhos ou com uma lista de regras básicas de convivência, que Hipócrates classificou separando o temperamento humano em quatro tendências específicas.

Se formos mais sonhadores, determinados e sociáveis, tenho a certeza de que a melancolia e a preguiça podem se desfazer e evitar maiores danos cotidianos, à espreita dos olhos.

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