Sou fã da escritora, atriz, roteirista, Fernanda Torres, embora não tenha lido o seu romance de estreia, Fim. Acho-a uma atriz de peso e engraçada. “Tapas e Beijos" me fazia rir muito. E os filmes Os Normais, O que é isso, Companheiro?, Terra Estrangeira, Eu sei que vou te amar, Casa de Areia, dentre tantos.
Recentemente foi lançada pela Globo Play a adaptação do romance homônimo para o canal. Direção de Andrucha Waddington e Daniela Thomas. Dez capítulos que percorrem os anos de 1968 a 2012, e os personagens, um grupo de amigos, da juventude à velhice de alguns. “Um grupo de amigos que não acredita que a vida se limita a encontrar o amor e ser feliz pra sempre. Uma história sobre a vida, vista pelos olhos de quem acaba de deixá-la.”, diz a sinopse.
Elenco da série "Fim" (Globoplay) @Marjorie Estiano Total
A história é contada através dos amigos, e os casais entre eles: Ciro e Ruth (Fábio Assunção e Majorie Estiano), o casal protagonista. Lindos e jovens, amor à primeira vista. Dois belos jovens enamorados e mergulhados nesse amor. Exemplo para os outros. Mas quem gosta de exemplos? Ciro tem lá o seu segredo. E a forma de lidar com a ausência de filhos vai modificar para sempre esse sentimento para uma amargura sem fim.
David Júnior e Heloisa Jorge Paulo Belote
Ribeiro (Emilio Dantas) é aquele que sobra no amor e está sempre a querer a mulher dos outros, ou as novinhas. Atlético, trabalha à beira mar, e tem uma paixão escondida por Ruth, que em algum momento lhe agradecerá o que está por vir. Ao final da série, não aguenta constatar os (Se) que teriam sido a sua vida, se..... O seu rancor não coube em si.
Bruno Mazzeo e Laila Garin Paulo Belote
Confesso que nesse painel da revolução dos costumes, triste e amargo, traçado por Fernanda Torres, me reconheci em cada capítulo. É a minha geração, ou aquela que veio um pouco antes da minha, mas com certeza peguei as rebarbas da paixão de Ruth, das dúvidas irritadas de Irene, das tábuas de salvação de Norma, das certezas errôneas de Célia
Quanto aos homens, pude revisitar alguns amigos, da turma, da vizinhança, da minha geração. Dos casais, também vislumbrei pares. Uma personalidade aqui, um azedume dali, uma farra acolá, um desentendimento na esquina, uma ou várias traições atrás de casa, uma mágoa intransponível, aquela que invejava a minha vida e o meu lugar...
Fabio Assunção, Thelmo Fernandes e David Junior @Tudo Mais (Instagram)
Uma das músicas tema, “Divino Maravilhoso” , de Caetano Veloso e Gilberto Gil, e mais triste ainda com a perda da sua intérprete maior, Gal Costa, me levou a lugares tristes e saudosos. Os meus anos 70 e 80 com todas as suas alegrias, perdas e danos. “Nunca seremos tão jovens” e ou “com a idade o tesão migra”. Atenção para o refrão! Não tempos tempo de temer a morte! Nem no Carnaval, com as suas marchinhas, a não censura do que naqueles quatro dias tudo pode, a melancolia se escondia.
Ana Adelaide Peixoto e Alain Moszkowicz Acervo da autora
E eu? Fui ali olhar o mar, não tão revolto assim dos meus doces, alegres e também amargos anos.