Possuo muitas bibliotecas perdidas em sonhos, que descrevem experiências que vivi. Não lembro de alguns detalhes saborosos de minha infância, mas recordo que meus pais me deram muito amor e carinho, que eu gostaria de rever em meus olhos. Queria tocar novamente aquela risada longa e espontânea, recheada de sorriso e abraço.
Quando fui à escola pela primeira vez, senti muita vontade de ficar mais tempo com os amigos, porque aquela era a melhor parte da aula: encontrá-los, brincar e viver amizades que nasceram para toda a vida.
Meus aniversários com bolo colorido e gente ao redor sempre foram uma diversão à parte. Havia presentes e a garotada estava lá.
Você também deve ter muitas bibliotecas na mente, que guardam livrinhos com histórias únicas. Momentos que se foram, mas que continuam a mostrar o quão passageiro é nosso tempo respirando.
Que minuto você reservou para saber quanto tempo vai aguardar para realizar o seu sonho, ou de alguém que você ama?
Diversas vezes paramos para entender que talvez nossa hora de fechar a cortina esteja bem mais próxima do que pensamos. Um fio de esperança quer que façamos nosso melhor e deixemos para outro dia o pesar de nossas falhas. Aquela reflexão mórbida e tênue, que corre em nossos olhos, cor de cinza com arco-íris, confunde o teste com a realidade. Suspira longo para pensar mais tempo.
O fato mais concreto é que deixamos de rever o que nos fez bem e quem possibilitou novas oportunidades em nosso caminhar zeloso. Não somos independentes em quase nada. Até para respirar precisamos pegar o que tem no ar e jogar aos alvéolos, sedentos de pressa em se encher a cada instante vital.
É uma busca de sentido como a Eudaimonia, termo grego que literalmente significa "o estado de ser habitado por um bom daemon, um bom gênio", traduzido como felicidade ou bem-estar. É o viver de acordo com a natureza, como foi a máxima do estoicismo.
Essa é a melhor maneira de valorizar o ser humano, porque hoje o que está na moda é sempre o que é novo. O velho sábio que pode colaborar com a sapiência da próxima geração é esquecido na prateleira.
No passado, eram os idosos que tinham poder político e cultural. O que nos falta, agora, é reverenciarmos essa geração. Está passando o tempo da mudança de atitude e desmedida ação em reparar esse erro.
Não se sinta um perdedor pelo que deixou de viver. Não vale a pena deixar de se sentir bem, ao olhar em seu espelho.