Está longe e faz muito tempo. Lembro quando foi o Natal que conheci, o primeiro e o último vivido em Serraria, depois de muitos tentar recordar as oportunidades reveladas a cada badalar o sino à meia noite.
Era o menino de seis anos. A vida estava em volta dos muitos que habitavam os sítios e percorriam as veredas e caminhos que levavam ao mesmo lugar.
A folhinha e a chegada da safra do caju definiam a data dos preparativos. Nunca garatujei mensagens, mas as mensagens chegavam com a felicitação da boa nova do Natal e do Ano Novo que mamãe guardava. Depois, com o passar dos tempos, as meninas passaram a cuidar da árvore de Natal.
A casa não tinha muros, mas janelas escancaradas para receber a brisa e o sol que se esparravam pelas salas. No cantinho da sala, a árvore feita de galho de sucupira era coberta de papel celofane e com lã de algodão. Caixas de fósforos cobertas com papel se transformavam em pequenos presentes que ficavam pendurados nos galhinhos, dando clima natalino, tão esperado. Tudo nos fazia ver o menino que não brincava conosco.
No mais, eram o mulungu, os cedros e as laranjeiras em redor da casa que coavam a luz do sol e as nuvens se engalhavam.
A vida partia de dentro de casa para se misturar com as pessoas que passavam na estrada em frente a caminho de Serraria,