Há três tipos de nomes para os dias da semana: os da astronomia ou planetários, os da mitologia nórdica e os numerados, reminiscência da tradição cristã de numerar os dias a partir do sábado.
Na nomenclatura planetária, partia-se dos planetas conhecidos da época, por ordem decrescente da distância da Terra: Saturno, Júpiter, Marte, Vênus e Mercúrio. Se terminarmos a contagem pela Lua e pusermos o Sol no centro, teremos a seguinte ordem astrológica: Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua. O número quatro é considerado um dos mais cabalísticos. Quatro são as fases da Lua, quatro são os elementos (fogo, terra, ar e água), quatro são as letras do nome do primeiro homem (Adão), quatro é o número de letras do tetragrama de Deus: IHWH, de Iahweh; quatro são as proposições aristotélicas (duas afirmativas, A, I) e duas negativas (E, O) etc. Todo o sistema de pensamento jungiano, por exemplo, se fundamenta na importância fundamental do número quatro, já que a quaternidade representa para ele o fundamento arquetípico da psique humana. Assim, se contarmos até quatro seguindo a ordem astrológica acima a partir de Saturno, chegaremos a Sol (primeiro dia da semana); a partir de Sol, contando até quatro, chegaremos a Lua (lunes, lunedi, lundi), o segundo dia; contando até quatro, a partir de Lua, chegaremos a Marte (martes, martedi, mardi), etc. Assim, de quatro em quatro, temos:
Saturno, Júpiter, Marte, Sol | = Primeiro dia (dia do Sol) |
Sol, Vênus, Mercúrio, Lua | = Segundo dia (dia da Lua) |
Lua, Saturno, Júpiter, Marte | = Terceiro dia (dia de Marte) |
Marte, Sol, Vênus, Mercúrio | = Quarto dia (dia de Mercúrio) etc. |
Foi a partir dos dias em que durava cada fase da Lua que se estabeleceu a semana hebdomadária, isto é, com sete dias, o que foi legalizado pelo Concílio de Niceia, em 325. A contagem numérica dos dias da semana começou pela tradição cristã antiquíssima de numerar os dias a partir do sábado. O domingo seria a “prima sabbati”, isto é, o primeiro dia depois do sábado; o dia seguinte seria “secunda sabbati”, etc. O domingo era o dia do Senhor (em latim: Dominus). O primeiro a chamar “dia do Senhor” ou “Domingo” a um dia da semana foi São Justino, fundador da primeira escola cristã em Roma, onde foi martirizado no ano 165. Foi o Papa São Silvestre que determinou que não se desse número ao domingo.
Nem toda semana foi hebdomadária. O calendário da Revolução Francesa dava ao mês a duração de 30 dias divididos em três semanas de dez dias, em que os domingos foram abolidos por sua característica religiosa. Os dias da semana eram assim chamados: primidi, duodi, tridi, quartidi, quitidi, sextidi, septidi, ocitidi, nonidi e decadi.
O equivalente a “feira”, mercado, em latim, era a palavra nundinae (o feirante era o nundinator). O nome atual feira é alteração de feriae (nome feminino plural que designava férias, descansos, donde a palavra feriado). Domingo era dia de descanso, “feira”. Os agricultores se reuniam aos domingos depois da missa no adro das igrejas para venderem seus produtos. Feira, descanso, passou a significar comércio. A segunda-feira seria o segundo dia de feira. A expressão “freguês”, cliente comercial, vem do latim “filius ecclesiae”, isto é, filho da Igreja. Até hoje se usa a palavra “freguesia” para designar uma paróquia.
Para os cristãos, sábado e domingo são realmente os dias finais da semana (já que domingo é o sétimo dia, o dia de descanso do Senhor). O problema é que, por causa do nome “segunda-feira”, o falante do português acha que, por isso, domingo seria o primeiro dia da semana, quando, na verdade, é o último. Para os judeus, sábado é o último dia da semana.
Essa, pois, é a origem dos nomes dos dias da semana em português.