Guardo na memória a primeira vez em que estive na velha sede da APL. O presidente Oscar de Castro levou-me a conhecê-la, numa tarde longínqua de emoções desiguais, que mais se acentuavam na segurança de sua exposição entusiasmada a contrastar com o encantamento de meu silêncio adolescente.
No outro dia, os Vultos da Paraíba acompanharam-me ao colégio, redivivos, na sessão acadêmica extraordinária em que se transformou a aula de latim do padre Luiz Gonzaga de Oliveira. Lendo, eu fizera a entusiástica descoberta de que tio Lula (como nós alunas o tratávamos carinhosamente) era um daqueles grandes homens do livro da Academia.
Daí por diante, o exercício de análise, tradução e interpretação das fábulas de Esopo era mais que prazer, fizera-se deslumbramento.
Em outro tempo e circunstância, a convivência dos mestres Clóvis Lima e Flóscolo da Nóbrega não significou menor impacto para a visão de mundo da jovem estudante desnorteada e perplexa, entre o ideal teórico e a realidade prática do Direito.
Dos dois, acompanhei a vida e a produção acadêmica através de textos que me ofereciam, com afetuosa distinção. Talvez não esperassem a leitura imediata, porque sempre se surpreendiam com os meus comentários. E, naquele diálogo incomum, mais importante que qualquer lição do Direito, os dois mestres eram a medida de valor que me ficava da Academia.
Juarez da Gama Batista completa a galeria dos meus mestres imortais. Lembro-me de sua posse, em 1968, sendo recebido por José Américo de Almeida, como um instante definitivo de grandeza intelectual.
Juarez da Gama Batista / José Américo de Almeida J. Lyra (1955/1956)
Estudante de Letras, assisti embevecida àquela solenidade transbordante de sentido e densidade, manifestação da vida acadêmica, em toda sua plenitude.
Era a dimensão natural de professor Juarez, pude compreender depois, na convivência universitária, em que me mantive para sempre aprendiz de suas lições insuperáveis.
(excerto de "Um ponto no infinito contínuo")