E sobrevivemos ao Natal! Com os babilaques de sempre – comprei uma árvore minúscula e cafona, para brindar a minha neta, Luísa, que des...

De passas & de lentilhas

E sobrevivemos ao Natal! Com os babilaques de sempre – comprei uma árvore minúscula e cafona, para brindar a minha neta, Luísa, que descobriu antes do tempo e quis ver. Lá se foi a surpresa.

Como já falei todos os anos, sempre ficava melancólica no Natal. E nas festas de final do ano. E quando ouvia Noite Feliz, chorava. Chorava pela felicidade que me exigia, chorava pelo apelo das músicas, das vitrines, do sentimento do Natal, que não sabia muito o que era, pois não sou religiosa. Chorava.

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Hoje gosto. Gosto do alvoroço. Dos mercados. De preparar comidas e a mesa. De comprar presentinhos, embrulhá-los, comer, confraternizar com os amigos, e dar vivas a essa nada mole vida.

Na rua gosto do frisson e de observar; e sentir aquele clima de final de ano. E o que, para todo mundo é chato e obrigação, para mim vira brincadeira e diversão. Mas, lá no fundo, quando chega no Natal, também me entristeço. E é aquela tristezazinha atávica, da vida. Mas tem as tristezas maiores. As guerras a que assistimos pela TV. Tem quem celebre alguma coisa vendo as atrocidades dos seres humanos nessa matança horrenda? E a crise climática? Que chegou cobrando o preço caro. Tragédias nos quatro cantos do mundo, e nós aqui, torrando de calor. Esse lado de horror não nos faz querer celebrar nada.

Outro dia acompanhei a viagem de uma atriz da Globo à Noruega, para ver a Aurora Boreal. Cenas lindíssimas. E fiquei a imaginar como o Natal combina mesmo com aquela paisagem. Vi um filme temático do Natal, também passado por aquelas bandas. Muita neve, comidas gordurosas, dias curtos, noites longas e a imagem de um Papai Noel de trenó. Interessante que, assistindo à essas paisagens das lonjuras, também sinto gastura. Uma melancolia boreal, será?

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Vejo pessoas que não estão nem aí para essas festas. Mas essa não sou eu. Não consigo fazer costume com uma data que é celebrada no mundo inteiro. Mas é o Baile do Menino Deus, que me comove. Festa que conheci através da Escola Sempre Viva dos meus filhos pequenos. Aqueles pandeiros, aquelas canções de ciganinha, e aquele tom melancólico de Antônio Nóbrega cantando Os Caboclinhos. Houve um tempo em que ouvia o CD no carro e chorava em bicas. O tempo! E o sagrado!

No Dia de Natal também era o aniversário da minha mãe, que agora celebra nos céus. Mas durante anos, cozinhava um coxão de porco de lamber os beiços, uma maionese de batata com maçãs que tento imitar inutilmente, e ali, na Rua Antônio Lira, chegávamos ao redor da mesa, ou daquela varanda, com o meu pai gostando em silêncio daquele fuzuê, os netos pequenos, as filhas com presentinhos, e cantávamos: “Parabéns pra mamãe”.

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Lembro de London London, quando por lá passei. Aquelas avenidas iluminadas. As lojas? Não eram para o meu bico, mas entrava na Hamley, Regent Street, para me sentir num reino qualquer da fantasia. Ou nas nevadas de Zurique, comendo rösti e raclete e vinhos artesanais. Contemplando um mundo branco tão distante dos meus azuis do Bessa ou dos trópicos.

Mas, Natal bom é aquele com os queridos por perto. Comida na mesa. Uns drinks. Uns abraços. E a celebração da vida. Gosto disso. Sinto que o ano está a findar. Entro no modo retrospectiva. E dou vivas ao mês de dezembro que se despede. Janeiro é já já. Verão. Outro ano. Meu aniversário.

Espero que tenham passado um Bom Natal, eu comi passas (que adoro!) e figos (achei no supermercado). Um peru bem assadinho com creme de maçãs e uma boa farofa. E claro, com o meu pisca-pisca azul na varanda, essa cor arroxeada que me encanta.

@açãocidadania/@atalmineira
Que todos tenham tido um prato de comida no Natal. Pois quem tem fome, tem pressa. Ainda para assistir ao filme do Betinho.

Quanto ao Ano Novo? Tive um ano especial. Comecei realizando um sonho de viajar com as irmãs para Paris, Provence e País de Gales; fiz uma cirurgia nos entremeios e findei dezembro pegando Covid, mas já recuperada. Um ano maltratado pelas atrocidades das guerras, e diante do horror de uma guerra, e de duas, não há muito o que dizer. Peço Saúde e Paz para o mundo e para nós todos. E Amor, a mola que move o mundo.

Agradeço aqui à União, que me acolhe neste espaço e aos queridos leitores que toda semana me leem e me instigam a escrever sempre e mais.

Esperando outra festa – a de Ano Novo! Com lentilhas caramelizadas, para ver se a prosperidade me faz uma visita.

Feliz 2024!

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  1. Sem dúvida um texto real. Cada pessoa identifica-se com algum modo dito com tanta propriedade, por você. Feliz ano novo, Ana Adelaide. Abraços, Regina Lyra.

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