A busca pela felicidade deve orientar todas as ações humanas para alcançar o bem comum. Essa tese é apresentada pelo filósofo grego Aristóteles (384 a.C. — 322 a.C.) em sua obra Ética a Nicômaco (300 a.C.). Segundo o pensador, a finalidade do sumo bem deve ser objeto da ciência máxima, que é a Política: a ciência do bem-estar coletivo. O Estado tem o papel de assegurar a felicidade, bem como de criar condições sociais que favoreçam o desenvolvimento pleno do cidadão. Assim, a Política é responsável por construir a dignidade no meio social. Os interesses dos cidadãos que vivem em comunidade devem coincidir com o bem-estar da sociedade, pois o objetivo de todo o grupo equivale ao objetivo de cada indivíduo que o compõe. Portanto, é necessário promover o bem supremo da comunidade
cumprindo-o por meio das próprias virtudes, para construir uma felicidade compartilhada por todos.
Aristóteles discute, no capítulo 10, a falta de consenso sobre o significado da felicidade. Ele entende que um bem individual não deve depender de outro bem pessoal. Geralmente, cada cidadão tem o ideal de conquistar sua própria felicidade. Alguns afirmam que a felicidade está na honra, na riqueza, no prazer ou em algo simples. A busca da felicidade às vezes surge de um sentimento de falta indescritível ou como uma justificativa para preencher um vazio em uma determinada circunstância de existência. Para alguém doente, por exemplo, ser feliz significa obter saúde; para alguém faminto, ser feliz significa saciar a fome; para um desempregado, ser feliz significa conquistar um emprego. Em vista dessa subjetividade, Aristóteles apresenta três princípios: o primeiro é a vida orientada pelo prazer, no qual o bem e a felicidade estão vinculados às satisfações dos impulsos irracionais; o segundo está no modo de uma vida política enganosa, em que os cidadãos buscam honras e riquezas ilícitas para criar uma felicidade que dependa da aprovação dos outros e provar que são pessoas boas; o terceiro é a vida contemplativa, em que se busca o bem orientado pela razão, cujo propósito é o sumo bem, comum para a felicidade de todos.
Em sua obra, Aristóteles discorre sobre virtudes intelectuais e morais. As virtudes intelectuais são desenvolvidas por meio do ensino e requerem amadurecimento e tempo. As virtudes morais são adquiridas por meio do hábito, e, com ele, os cidadãos se tornam justos ou injustos. Portanto, desde a infância, deve-se praticar atos virtuosos que promovam o bem comum. A virtude torna o homem bom, enquanto sua ausência o torna bruto e mal.
O pensamento aristotélico indica a virtude como um ato político e de equilíbrio, pois tanto o excesso quanto a falta são destrutivos. As virtudes são voluntárias, por haver responsabilidade pelos próprios atos ao se conhecer a si e cumprir o sumo bem diante das circunstâncias da existência. Elas estão nas escolhas de agir ou não agir. A prática da virtude está relacionada aos meios e é uma escolha entre exercer a virtude ou vivenciar a própria alienação do vício. As atitudes que fazem o bem constroem a felicidade de todos; e as vaidades pessoais, isto é, os vícios, tornaram-se infelicidades através das próprias escolhas.
O filósofo apresenta as virtudes intelectuais e morais. As intelectuais tratam do espírito humano, que possui duas partes: a que tem um princípio racional e a que é privada de razão. A racional se divide em científica (de modo direcional ou prática) e calculativa (sendo especulativa ou teórica), que analisa a essência das coisas universais e tem como objeto o acesso à verdade. Para o conhecimento especulativo, o bem se identifica com o verdadeiro e o mal com o falso. A virtude moral é a disposição para uma escolha; contudo, ela envolve o desejo para um fim e a razão descobre os meios próprios para esse fim.
As virtudes intelectuais são cinco:
1
Conhecimento científico (επιστημονικός γνώστης): a capacidade de demonstrar o conceito de algo pelo uso da lógica, sendo esse objeto da ciência necessário e eterno;2
Habilidade artística (Καλλιτεχνική ικανότητα): trata da capacidade de produzir algo pelo raciocínio; a arte se ocupa em inventar e em considerar as maneiras de produzir alguma coisa que tanto pode ser como não ser, e cuja origem está no que produz, e não no que é produzido;3
Sabedoria prática (Πρακτική Σοφία): característica do ser humano de agir sobre as coisas boas para si e para todos e, assim, contribuir para o bem-estar social;4
Razão intuitiva (Διαισθητικός λόγος): algo pelo qual se percebe os primeiros princípios e as premissas em que parte a Ciência; o seu método é a indução, que apreende a verdade universal; a partir disso ela revela-se como evidente a si;5
Sabedoria teorética (Θεωρητική Σοφία) é a razão intuitiva correlacionada com o conhecimento científico. Ela tem como objeto as coisas humanas e se refere à ação.As virtudes morais são treze:
Coragem (θάρρος): capacidade do indivíduo de agir diante do medo e da confiança, apesar de temer as próprias atitudes que não dependem de si;
Moderação (μετριοπάθεια): controle do uso dos prazeres para usufruir e manter a boa saúde mental e física;
Liberalidade (Γενναιοδωρία): equilíbrio no dar e no receber, por exemplo, o dinheiro; o excesso é a prodigalidade, e a deficiência é a avareza; o avarento quer o dinheiro mais do que deve e o pródigo esbanja a riqueza com seus prazeres; quem melhor usa a riqueza é aquele que possui a virtude a ela associada: o homem liberal; este dá as quantias que convém às pessoas, numa determinada ocasião; a avareza é deficiente no dar e excede no receber; a prodigalidade excede no dar e no não receber, esses não tardam em exaurir suas posses porque dão em excesso;
Magnificência (Μεγαλοπρέπεια): é o gasto apropriado; por exemplo, quanto ao dinheiro dado em grandes quantias honrosamente; o excesso é a vulgaridade e o mau gosto, e a deficiência é a mesquinhez; é a virtude relacionada com a riqueza, mas se estende apenas às ações que envolvem gastos; a deficiência a essa disposição de caráter é a mesquinhez; este fica aquém da medida em tudo, em tudo o que faz, estuda a maneira de gastar menos e lamenta até o pouco que tem; o excesso é a vulgaridade, porque gasta além do que é justo;
Digno orgulho (Άξιο Περηφάνια): é a moderação entre à honra e à desonra; também pode ser chamado magnanimidade (inteligente e generoso) ou respeito próprio; ele visa à honra; o que fica aquém é o homem indevidamente humilde, que sendo digno de coisas boas, rouba de si o que merece e não se julga digno de coisas boas; o excesso é a vaidade, e a deficiência é a humildade indébita;
Anonimato (ανωνυμία): é a virtude de não exceder o desejo à honra mais do que se convém; o desinteressado não quer se honrado e fica aquém da medida;
Calma (Ηρεμία): é não se deixar conduzir pelo descontrole das emoções, isto é, pela raiva, ódio, ira ou violência;
Sinceridade (ειλικρίνεια): é a correspondência do que está no pensamento com o que existe de real nas coisas;
Pessoa espirituosa (Πνευματικό πρόσωπο): é agir com inteligência o próprio estado de alegria, proporcionando a felicidade a si e aos outros;
Amabilidade (Καλοσύνη) é a disposição humorada de agradar aos outros de maneira devida e amável, sem interesse próprio;
Modéstia (Σεμνότητα): é não desejar atrair atenção imprópria para si;
Justa indignação (Δίκαιη Αγανάκτηση) é a reação espontânea a presença de um ato de injustiça, praticado diretamente contra uma pessoa ou sentida por empatia a alguém que sofreu um tratamento considerado incorreto;
Justiça (Δικαιοσύνη): é a disposição de caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo e a desejar o que é honesto, bem como o bem ao outro ou a si.
Moderação (μετριοπάθεια): controle do uso dos prazeres para usufruir e manter a boa saúde mental e física;
Liberalidade (Γενναιοδωρία): equilíbrio no dar e no receber, por exemplo, o dinheiro; o excesso é a prodigalidade, e a deficiência é a avareza; o avarento quer o dinheiro mais do que deve e o pródigo esbanja a riqueza com seus prazeres; quem melhor usa a riqueza é aquele que possui a virtude a ela associada: o homem liberal; este dá as quantias que convém às pessoas, numa determinada ocasião; a avareza é deficiente no dar e excede no receber; a prodigalidade excede no dar e no não receber, esses não tardam em exaurir suas posses porque dão em excesso;
Magnificência (Μεγαλοπρέπεια): é o gasto apropriado; por exemplo, quanto ao dinheiro dado em grandes quantias honrosamente; o excesso é a vulgaridade e o mau gosto, e a deficiência é a mesquinhez; é a virtude relacionada com a riqueza, mas se estende apenas às ações que envolvem gastos; a deficiência a essa disposição de caráter é a mesquinhez; este fica aquém da medida em tudo, em tudo o que faz, estuda a maneira de gastar menos e lamenta até o pouco que tem; o excesso é a vulgaridade, porque gasta além do que é justo;
Digno orgulho (Άξιο Περηφάνια): é a moderação entre à honra e à desonra; também pode ser chamado magnanimidade (inteligente e generoso) ou respeito próprio; ele visa à honra; o que fica aquém é o homem indevidamente humilde, que sendo digno de coisas boas, rouba de si o que merece e não se julga digno de coisas boas; o excesso é a vaidade, e a deficiência é a humildade indébita;
Anonimato (ανωνυμία): é a virtude de não exceder o desejo à honra mais do que se convém; o desinteressado não quer se honrado e fica aquém da medida;
Calma (Ηρεμία): é não se deixar conduzir pelo descontrole das emoções, isto é, pela raiva, ódio, ira ou violência;
Sinceridade (ειλικρίνεια): é a correspondência do que está no pensamento com o que existe de real nas coisas;
Pessoa espirituosa (Πνευματικό πρόσωπο): é agir com inteligência o próprio estado de alegria, proporcionando a felicidade a si e aos outros;
Amabilidade (Καλοσύνη) é a disposição humorada de agradar aos outros de maneira devida e amável, sem interesse próprio;
Modéstia (Σεμνότητα): é não desejar atrair atenção imprópria para si;
Justa indignação (Δίκαιη Αγανάκτηση) é a reação espontânea a presença de um ato de injustiça, praticado diretamente contra uma pessoa ou sentida por empatia a alguém que sofreu um tratamento considerado incorreto;
Justiça (Δικαιοσύνη): é a disposição de caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo e a desejar o que é honesto, bem como o bem ao outro ou a si.
O pensador grego ensina que a arte da Política gravita toda ação humana, e que, por meio dela, as ações justas e belas permitem diversas opiniões. O objetivo é agir pelo bem comum e existir na felicidade. Aqueles que confundem felicidade com prazer levam uma vida baseada em prazeres vulgares. Por exemplo: a honra é superficial e depende mais de ser reconhecido pelo outro do que do próprio sentimento de herói. Riqueza não é o bem supremo, é apenas algo útil. O ser humano procura a felicidade e esta deve ser vista como virtude e adquirida por meio da aprendizagem e do hábito. A prática de atos justos forma o homem justo. Torna o ser humano feliz.