No livro A Paraíba nas Velhas Páginas dos Jornais, Wellington Aguiar informa que a notícia da Proclamação da República chegou à Paraíba com alguns dias de atraso e não foi recebida com maiores empolgações. Provavelmente, essa falta de entusiasmo se deve ao fato de que a República foi um evento que não contou com a participação popular.
Houve alguns inocentes úteis como Silva Jardim, que morreu logo depois, tragado pelo Vesúvio.
Mas e a Paraíba? Logo a Paraíba teria que receber com empolgação um evento do qual não participou? Ela que foi uma das protagonistas da Revolução de 1817 e da Confederação do Equador de 1824? Ainda segundo Wellington Aguiar, a atual Rua General Osório, antiga Marquês do Herval no tempo do Império (General Osório e Marques do Herval são a mesma pessoa) foi a morada de quatro ex-Presidentes da República, sendo um deles Floriano Peixoto. Os outros foram Ernesto Geisel (após a Revolução Constitucionalista), Café Filho e, salvo engano, o paraibano Epitácio Pessoa, na gestão de Venâncio Neiva, primeiro Presidente do Estado.
A República nos trouxe a promulgação da primeira Constituição Política do Estado da Parahyba do Norte em 1891, que durou um ano. A forma de Estado Federal do então Estados Unidos do Brasil passou a reconhecer a autonomia política e administrativa de seus estados-membros. A República brasileira já nasceu instável. O Brasil não tem uma tradição democrática, sendo marcado historicamente por golpes e momentos ditatoriais, ao longo de 134 anos.
Movimentações civis e militares durante as turbulências de 1964 ▪ Fonte: Arquivo Nacional, via Wikimedia / DP
Os períodos mais longos de "estabilidade", com verniz democrático, foram a República Velha, após a eleição do segundo Presidente Civil (Campos Salles) e a queda da Ditadura Militar de 1964. Conforme o site da Câmara dos Deputados, o Congresso Nacional foi fechado (ou dissolvido) seis vezes durante a República, sendo a primeira vez em 03.11.1891
pelo primeiro Presidente Deodoro da Fonseca.A República nasce como sonho de consumo de veteranos da Guerra do Paraguai, de alguns idealistas como Silva Jardim, de positivistas. Mas há um fato de maiores proporções que pode ser medido em números da balança comercial, como demonstra Nelson Werneck Sodré em "Formação Histórica do Brasil": com a República, o país passou de uma etapa de produção colonial para um processo capitalista/imperialista para se adequar às exigências comerciais externas.
Sodré também ressalta que a mão de obra era farta e barata, com a grande quantidade de pessoas ex-escravizadas e imigrantes europeus, além da abundância de terras disponíveis no início da República, o que me leva a questionar se a Abolição em 1888 foi uma das razões para a indisposição com a Princesa Isabel.