Por onde anda a crônica? As crônicas relatam acontecimentos do cotidiano, elas não têm a finalidade alguma de informar. A crônica é livre, em geral leve, anda por lugares sem tensão, pode até ser provocativa, sarcástica, mas é a narrativa mais gostosa do dia a dia. O objetivo desse tipo de Literatura é, na verdade, provocar uma reflexão sobre um assunto abordado.
Mas a crônica anda triste, esquecida entre as danças do tiktok. Respondendo ainda à primeira pergunta, a crônica anda com pernas tortas, com medo do seu próprio fim. A crônica está refém de assuntos sérios. Tomara que a inteligência artificial gere bons frutos para esse gênero literário. Que tenhamos mais sorte nos dias digitais.
Poderia falar dos 438 anos da cidade de João Pessoa, mas achei clichê demais. E está tudo certo, pois o clichê é a bebida dos amantes! Mas espero que os robôs venham exaltados, que brotem outros autores, que essa douta inteligência seja um rompante de crônicas desvairadas!
O sumido leitor das crônicas é o urbano, antenado às redes sociais que são as novas colunas sociais sem a trágica “society” que nos aterrorizou por décadas e que, em princípio, já foi um dia um leitor de jornal ou de revista, que também estão com seus dias abalados.
A preocupação com esse leitor sumido é que faz com que, entre os assuntos tratados, o cronista que vos escreve, dê maior atenção aos acontecimentos futuros do nosso viver, não interessando apenas o mundo contemporâneo, dos podres acontecimentos do cotidiano comum e pobre nas pequenas e grandes cidades.
A crônica de hoje — que, como toda ela, vem do Deus Chronos, o pai do Tempo, um velho senhor que carrega uma grande foice - se preocupa com o próprio futuro e da humanidade, buscando alento na tecnologia, pois algo há de novo surgindo e há de ser bom para ela mesma, para os cronistas e para os leitores!