O léxico de Euclides da Cunha, em “A Terra”, primeira parte de Os sertões, nos mostra uma diversidade interessante, variando do termo habitual ao erudito, passando por um específico léxico técnico-científico, misturando-se ao latim e a uma discussão da etimologia do léxico indígena, além de introduzir um neologismo interessante, o verbo ganglionar, com o sentido de pequenos poços de água, isolados, após o período da chuva, que sustentam, até certo ponto, o gado e o homem, quando do período de estio. (Capítulo I, p. 31, todas as referências provêm
da edição crítica, organizada por Walnice Nogueira Galvão, 2ª ed. São Paulo: Ubu Editora/Edições Sesc São Paulo, 2019).
Erudito e estilista, Euclides transforma um quadro descritivo, que poderia ser enfadonho nas mãos de um escritor de menor habilidade, em páginas literárias, indo além do tecnicismo que, a priori, o objetivo do texto exigiria. Destacamos, por exemplo, como característico de seu estilo, o uso do superlativo absoluto sintético e de figuras de estilo variadas, como a animização, a gradação e a aliteração. A intenção, nos parece, não é apenas mostrar a terra como um corpo vivo e dinâmico, em movimentação constante, mas apresentá-la como um organismo que excede em sua grandeza e suas possibilidades de abrigar a vida (p. 18):
“A terra sobranceia o oceano, dominante, do fastígio das escarpas; e quem a alcança, como quem vinga a rampa de um majestoso palco, justifica todos os exageros descritivos – do gongorismo de Rocha Pita às extravagâncias geniais de Buckle – que fazem deste país região privilegiada, onde a natureza armou a sua mais portentosa oficina.
É que, de feito, sob o tríplice aspecto astronômico, topográfico e geológico – nenhuma se afigura tão afeiçoada à Vida.”
Ou, mais adiante, fazendo uma esplendorosa representação da grandiosidade da natureza (p. 20-21):
“Caindo por ali há séculos as fortes enxurradas, derivando a princípio em linhas divagantes de drenagem, foram pouco a pouco reprofundando-as, talhando-as em quebradas que se fizeram canyons,
e se fizeram vales em declive, até orlarem de escarpamentos e despenhadeiros aqueles plainos soerguidos. E consoante a resistência dos materiais trabalhados variaram nos aspectos: aqui apontam, rijamente, sobre as áreas de nível, os últimos fragmentos das rochas enterradas, desvendando-se em fraguedos que mal relembram, na altura, antiquíssimo “Himalaia brasileiro”, desbarrancado, em desintegração contínua, por todo o curso das idades; adiante, mais caprichosos, se escalonam em alinhamentos incorretos de menires colossais, ou em círculos enormes, recordando na disposição dos grandes blocos superpostos, em rimas, muramentos desmantelados de ciclópicos coliseus em ruínas; ou então, pelos visos das escarpas, oblíquos e sobranceando as planuras que, interpostos, ladeiam, lembram aduelas desconformes, restos da monstruosa abóbada da antiga cordilheira, desabada...”
Sendo o espaço astronômico e ciclópico, e a cena, imenso anfiteatro, Coliseu derruído, os personagens que irão ali se enfrentar, num embate épico-trágico, não poderiam ser senão titãs, conforme ficará claro nas duas partes subsequentes – “O Homem” e “A Luta”.
O primeiro capítulo de “A Terra” (p. 13-32) é notável encaminhamento dos aspectos gerais, até a formação geológica do sertão, palco da contenda, em “A Luta”. Euclides da Cunha, utilizando-se da descrição, à maneira de um sumário, prepara o leitor, para o enfrentamento do sertão. A visão do geral para o particular, cujo objetivo é chegar ao sertão, passa pela evolução geológica, pela formação da hidrografia, do relevo e da vegetação. Para o estudo do capítulo, seguiremos a divisão sugerida pelo escritor.
Seção 1 (p. 17-22): Visão geral do relevo brasileiro, preparação para se abordar o sertão. Euclides destaca, para a sua descrição da geomorfologia, “o conflito secular que ali se trava entre os mares e a terra” (p. 17) e apresenta três características da formação geomorfológica, “as possantes massas gnaissegraníticas” (p. 18), a “originalíssima rede hidrográfica” (p. 18) e as “planuras vastas” (p. 21).
Destacam-se já, neste início, dois traços estilísticos de Euclides da Cunha: o uso do superlativo e o tom didático. O superlativo absoluto sintético serve a reiterar a grandeza do que se descreve, embora, como veremos adiante, a característica superlativa da terra esteja também no emprego de certas metáforas e certos adjetivos, de modo a configurar nosso país como “região privilegiada, onde a natureza armou a sua mais portentosa oficina” (p. 18) – “terra amplíssima” (p. 17); “originalíssima rede hidrográfica (p. 18)”; “o antiquíssimo ‘Himalaia brasileiro’” (p. 21); “a paragem formosíssima dos campos gerais” (p. 21); “contraste belíssimo, a amplitude dos gerais e o fastígio das montanhas” (p. 22).
O superlativo das expressões traduz “a exuberância sem par e as áreas complanadas e vastas” (p. 18), “a inumação estupenda” (p. 20), “as esplêndidas chapadas imitando cordilheiras” (p. 20), “menires colossais” (p.21), “os muramentos desmantelados de ciclópicos coliseus em ruínas” (p. 21), “restos da monstruosa abóbada da antiga cordilheira, desabada...” (p. 21), “as planuras vastas” (p. 21), “um dédalo de serranias tortuosas” (p. 22), tudo “sob a linha fulgurante dos trópicos” (p. 18).
O tom didático, por sua vez, se expressa num convite ao leitor (p. 21):
“Estiram-se então as planuras vastas. Galgando-as pelos taludes, que as soerguem dando-lhes a aparência exata de tabuleiros suspensos, topam-se, a centenas de metros, extensas áreas ampliando-se, boleadas, pelos quadrantes, numa prolongação indefinida, de mares. É a paragem formosíssima dos campos gerais, expandida em chapadões ondulantes – grandes tablados onde campeia a sociedade rude dos vaqueiros...
Atravessemo-la.”
Não se pode, ainda, desprezar o fato de que a descrição, mesclada à dissertação, nunca é estática. Há um dinamismo explícito no estilo de Euclides da Cunha, como mostram os dois primeiros parágrafos (p. 17) e outros trechos, ajudando a compor o “facies geográfico”, resumo da “morfogenia do grande maciço continental (p. 17):Atravessemo-la.”
“O Planalto Central do Brasil desce, nos litorais do Sul, em escarpas inteiriças, altas e abruptas. Assoberba os mares; e desata-se em chapadões nivelados pelos visos das cordilheiras marítimas, distendidas do Rio Grande a Minas. Mas ao derivar para as terras setentrionais diminui gradualmente de altitude, ao mesmo tempo que descamba para a costa oriental em andares, ou repetidos socalcos, que o despem
da primitiva grandeza afastando-o consideravelmente para o interior.
De sorte que quem o contorna, seguindo para o norte, observa notáveis mudanças de relevos: a princípio o traço contínuo e dominante das montanhas, precintando-o, com destaque saliente, sobre a linha projetante das praias; depois, no segmento de orla marítima entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, um aparelho litoral revolto, feito da envergadura desarticulada das serras, riçado de cumeadas e corroído de angras, e escancelando-se em baías, e repartindo-se em ilhas, e desagregando-se em recifes desnudos, à maneira de escombros do conflito secular que ali se trava entre os mares e a terra; em seguida, transposto o 15° paralelo, a atenuação de todos os acidentes – serranias que se arredondam e suavizam as linhas dos taludes, fracionadas em morros de encostas indistintas no horizonte que se amplia; até que em plena faixa costeira da Bahia, o olhar, livre dos anteparos de serras que até lá o repulsam e abreviam, se dilata em cheio para o ocidente, mergulhando no âmago da terra amplíssima lentamente emergindo num ondear longínquo de chapadas...
Este facies geográfico resume a morfogenia do grande maciço continental.”
De sorte que quem o contorna, seguindo para o norte, observa notáveis mudanças de relevos: a princípio o traço contínuo e dominante das montanhas, precintando-o, com destaque saliente, sobre a linha projetante das praias; depois, no segmento de orla marítima entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, um aparelho litoral revolto, feito da envergadura desarticulada das serras, riçado de cumeadas e corroído de angras, e escancelando-se em baías, e repartindo-se em ilhas, e desagregando-se em recifes desnudos, à maneira de escombros do conflito secular que ali se trava entre os mares e a terra; em seguida, transposto o 15° paralelo, a atenuação de todos os acidentes – serranias que se arredondam e suavizam as linhas dos taludes, fracionadas em morros de encostas indistintas no horizonte que se amplia; até que em plena faixa costeira da Bahia, o olhar, livre dos anteparos de serras que até lá o repulsam e abreviam, se dilata em cheio para o ocidente, mergulhando no âmago da terra amplíssima lentamente emergindo num ondear longínquo de chapadas...
Este facies geográfico resume a morfogenia do grande maciço continental.”
No dinamismo descritivo, Euclides da Cunha guia o leitor na sua caminhada pela geografia do maciço continental, fazendo-o percorrer e observar o relevo, não o deixando quedar-se imóvel, nem dando a seu texto a lentidão da descrição estática. O emprego dos verbos de ação, que destacamos em negrito, na citação acima, tanto quanto o polissíndeto, associado ao gerúndio, tudo indica uma ação em processo. Nota-se ainda que, apesar da linguagem descritiva da geomorfologia, associada, portanto, a uma objetividade denotativa, o que ressalta é a linguagem figurada da animização da terra. Vejamos o segundo trecho, que corrobora a animização, sobretudo, além dos verbos, com os termos, “inumação estupenda” e “dorso alargados” (p. 20):
“Novo horizonte geológico reponta com um traço original e interessante. Mal estudado embora, caracteriza-o notável significação orográfica, porque as cordilheiras dominantes do Sul ali se extinguem, soterradas, numa inumação estupenda, pelos possantes estratos mais recentes que a circundam. A terra, porém, permanece elevada, alongando-se em planuras amplas, ou avultando em falsas montanhas de denudação, descendo em aclives fortes, mas tendo os dorsos alargados em plainos inscritos num horizonte de nível, apenas apontoado a leste pelos vértices dos albardões distantes, que perlongam a costa.”
Seção 2 (p. 22-25): Apresenta-se a hidrografia, a vegetação e o relevo de um percurso, cuja finalidade é chegar às “lindes de um deserto” (p. 25). O observador “está sobre um socalco do maciço continental, ao norte” (p.22), tendo, portanto, uma visão privilegiada da região. A visão é a da bacia hidrográfica, com o rio de São Francisco, o Itapicuruaçu, o Vaza-Barris, chamado de Irapiranga pelos tapuias (p. 22), numa “drenagem caótica das torrentes”, com a Bahia apresentando ali um “facies excepcional e selvagem” (p. 23).No percurso por esta Terra ignota de “vilarejos minúsculos”, de que apenas Jeremoabo se destacou como “uma vilar secular” (p. 23), vai sendo apresentado um perfil variado: “terreno arenoso”, “emersões calcárias”, “matas” que se rarefazem ou empobrecem, “planuras desnudas”, “arbustos flexuosos entressachados de bromélias rubras”, “vegetação irradiante, sobre massapé feraz”, até chegar a um relevo cristalino, “exumando a ossatura partida das montanhas” (p. 24), que antes fora inumada. Ao viajante, a escolha de contornar “uma travessia torturante, procurando evitar uma “paragem sinistra e desolada” (p. 25).
Seção 3 (p. 25-27): Caminhada rumo ao Oeste, do rio Itapicuru, passando pelo agreste e pela caatinga, ao sertão adusto. O Itapicuru não é uma reta, mas “recurvo de meandros”, apresenta, na sua proximidade com o litoral “vegetação vivaz”, além das “pequenas matas” que povoam “as barrancas pedregosas do Jacurici”. A aridez vai avançando sobre o “terreno areento e chão”, e o agreste esboça “o facies daquele sertão inóspito” (p. 25). A travessia torna-se “viagem penosíssima”. Mesmo em paragens que são “verdadeiros oásis” predomina “aspecto lúgubre” das “colinas nuas, envoltas pelos mandacarus despidos e tristes, como espectros de árvores” (p. 26). Ratifica-se, como podemos constatar, o estilo literário de Euclides, na caracterização do animismo (p. 26):
“Nas cercanias de Quirinquinquá, porém, começa a movimentar-se o solo. O pequeno sítio ali erecto alevanta-se já sobre alta expansão granítica, e atentando-se para a o norte divisa-se região diversa – riçada de vales e serranias, perdendo-se ao longe em grimpas fugitivas.
Seção 4 (p. 27-30): Visão do sertão e da sua rudeza de brilho fulgurante, fazendo o contraste entre a seca e as chuvas. A “paragem impressionadora”, em que o viajante se encontra, revela “o aspecto atormentado das paisagens”, “o martírio da terra” (p. 27) e a “natureza torturada” (p. 30). Tudo é árido, áspero, mas de uma beleza ímpar, na excepcional descrição de Euclides da Cunha, que guia cuidadosamente o leitor/viajante, atento a cada minúcia da região: “relevos estupendos”, “climas excessivos”, “todas as variedades cristalinas, e os quartzitos ásperos, e as filades e calcários”, a denunciar a terra em agonia, cujo “regime torrencial” se opõe às “insolações demoradas” (p. 27). É o momento da antítese que caracteriza o sertão, opondo prolongados períodos secos a uma breve estação chuvosa, as duas únicas da região (p. 27-28):
“De um lado a extrema secura dos ares, no estio, facilitando pela irradiação noturna a perda instantânea do calor absorvido pelas rochas expostas às soalheiras, impõe-lhes a alternativa de alturas e quedas termométricas repentinas; e daí um jogar de dilatações e contrações que as disjunge, abrindo-as segundo os planos de menor resistência. De outro, as chuvas que fecham, de improviso, os ciclos adurentes das secas, precipitam estas reações demoradas.”
A variação climática antitética dos “verões queimosos” e dos “invernos torrenciais” (p. 28) revela ciclos que se completam e que moldam a geomorfologia criando “majestosas ruinarias de castelos”, nesses “mares de pedra”, preponderantes nos “regimes excessivos”. As “velhíssimas chapadas corroídas” revelam “a cada passo, em todos os pontos, um lineamento incisivo de rudeza extrema” (p. 28). Na terra erodida pelos ventos, pelo sol e pelos “aguaceiros tempestuosos” (p. 29) aflora o relevo sob a fulgurante luz do imenso plaino sertanejo, belamente descrito (p. 29):
“Despontam-lhes, em geral, normais às barrancas, estratos de um talcoxisto azul-escuro em placas brunidas reverberando a luz em fulgurar metálico [...].
À luz crua dos dias sertanejos aqueles cerros aspérrimos rebrilham, estonteadoramente – ofuscantes, num irradiar ardentíssimo...”
São “as perspectivas majestosas”, “cenários emocionantes” de “um mar extinto” (p. 30).À luz crua dos dias sertanejos aqueles cerros aspérrimos rebrilham, estonteadoramente – ofuscantes, num irradiar ardentíssimo...”
Seção 5 (p. 30-32): Ignoto sertão, antigo oceano sobre as Américas. Euclides se empolga com a sugestão de que, em idades remotíssimas, o sertão foi um “vasto oceano cretáceo” que “rolou sobre as terras fronteiras das duas Américas, ligando o Atlântico ao Pacífico” (p. 30). O surgimento da América é narrado com um primor plástico, ora com a utilização do assíndeto, ora com o polissíndeto (p. 31):
“Simultaneamente, ao abrir-se a época terciária, se realiza o fato prodigioso do alevantamento dos Andes; novas terras afloram nas águas; tranca-se, num extremo, o canal amazônico, transmudando-se no maior dos rios; ampliam-se os arquipélagos esparsos, e ganglionam-se em istmos, e fundem-se; arredondam-se, maiores, os contornos das costas; e integra-se, lentamente a América.”
O modelamento do sertão baiano resulta num “informe amontoado de montanhas derruídas”, o que lhe confere o caráter desértico, muito embora a vida ainda ali esteja se construindo, na observação do líquen atacando a pedra, na flora que resiste e que suaviza a “paragem desolada”, sujeita às “insolações inclementes”, às “águas selvagens” ambos fenômenos degradadores do solo. Fecha-se o capítulo com a “impressão dolorosa” desse “ignoto trecho do sertão” (p. 32).
É assim que Euclides da Cunha abre seu livro neste Capítulo I de “A Terra”, apresentando ao leitor/viajante uma beleza áspera, cortante de um estilo que impacta e que atrai, fazendo do ritmo, em Os sertões, um estudo à parte. O escritor tem consciência de que a frase se torna lapidar quando ritmada, encantando pela sua sonoridade. Tantas são as gradações, assonâncias e aliterações no seu estilo, que podemos captar versos soltos, metrificados e perfeitamente ritmados, como os dois heptassílabos a seguir, excelente mote para uma décima – “Feito informe amontoado, de montanhas derruídas” (p. 31)
Precisamos, na leitura, tentar ouvir o texto, buscar as suas inflexões devidas, dar-lhe o ritmo adequado. Euclides é um mestre neste aspecto. Muitas vezes, ele parte de uma frase sintética, isolando-a em um parágrafo, de modo a inocular a curiosidade no leitor, e, em seguida, a desfia, desenrola-a em um conjunto impressionante aos ouvidos e aos olhos. Veja-se, por exemplo, o trecho a seguir (“A Terra”, Capítulo I, p. 27):
“É uma paragem impressionadora.
As condições estruturais da terra lá se vincularam à violência máxima dos agentes exteriores para o desenho de relevos estupendos. O regime torrencial dos climas excessivos, sobrevindo, de súbito, depois das insolações demoradas, e embatendo naqueles pendores, expôs há muito, arrebatando-lhes para longe todos os elementos degradados, as séries mais antigas daqueles últimos rebentos das montanhas: todas as variedades cristalinas, e os quartzitos ásperos, e as filades e calcários, revezando-se ou entrelaçando-se, repontando duramente a cada passo, mal cobertos por uma flora tolhiça — dispondo-se em cenários em que ressalta, predominantemente, o aspecto atormentado das paisagens.”
As condições estruturais da terra lá se vincularam à violência máxima dos agentes exteriores para o desenho de relevos estupendos. O regime torrencial dos climas excessivos, sobrevindo, de súbito, depois das insolações demoradas, e embatendo naqueles pendores, expôs há muito, arrebatando-lhes para longe todos os elementos degradados, as séries mais antigas daqueles últimos rebentos das montanhas: todas as variedades cristalinas, e os quartzitos ásperos, e as filades e calcários, revezando-se ou entrelaçando-se, repontando duramente a cada passo, mal cobertos por uma flora tolhiça — dispondo-se em cenários em que ressalta, predominantemente, o aspecto atormentado das paisagens.”
Mesmo com o tom científico, o texto de Euclides flui, pois, assim como Augusto dos Anjos, não se trata de cientistas querendo ser escritores, mas de escritores que sabem se utilizar adequadamente da ciência e de seus termos próprios.