Em 1973, com apenas 24 anos de idade, dando os meus primeiros passos como jornalista, fiz uma reportagem sobre a crise do abacaxi paraibano, publicada com destaque no Jornal O Norte. Naquele momento, nossa fruta, uma das campeãs da pauta de exportações do Brasil, enfrentava sérios problemas, em razão de pragas que ninguém sabe como chegaram por aqui, embora os técnicos, em seus estudos, tivessem apresentado suas suposições.
Primeiro foi a “cochonilha” que, se bem me lembro, fazia a fruta murchar. Logo em seguida veio a “broca do fruto”, que causava danos à polpa. Ao se alimentar da polpa, as larvas abriam galerias no interior do fruto, tornando-o imprestável para a comercialização. Se a memória não me falha, tudo provocado por uma borboleta pequena que durante o dia era encontrada voando e depositando suas larvas nas plantas.
Para usar um velho jargão militar, “tocou horror” na terrinha; foi um Deus nos acuda. O secretário de Agricultura da época, agrônomo Nivaldo Montenegro, logo formou o que se chama hoje de “força-tarefa” para combater o mal, onde se destacaram os pesquisadores Dr. Boulanger (não lembro seu prenome e acho que era esse mesmo o sobrenome), enviado pelo Ministério da Agricultura, e o paraibano Leôncio Villar, a quem a Paraíba deve muito.
Agora, sem falsa modéstia, como todo “foca” que se preza, botei pra quebrar. Cheguei a acampar em plantações de abacaxi, em Mari e Sapé, para acompanhar de perto a rotina do pessoal da vigilância fitossanitária.
Mas houve compensação. Minha primeira experiência como repórter deu o que falar. A matéria repercutiu nas casas legislativas e, mais ainda, entre produtores, exportadores e entidades do hoje chamado “agronegócio”. Formou-se uma onda em defesa do nosso abacaxi, que acabou voltando ao estrelato, anos depois.
Foi então que percebi que o jornalismo, se levado a sério e voltado para o bem comum, é uma das formas mais eficientes de defesa social.