Coisa estranha é o amor
Quando te falava que teu corpo
não era o mais importante
que nossos sentimentos eram mais valiosos
Não acreditavas.
Querias ser forte, jovem e viril
Ainda não entendias de amor platônico
Do amor que existe, que é correspondido
mas que o corpo pode ser irrelevante.
O que importa é o afeto
disso tu entendias...
De como afetar e ser afetado
até o cerne do ser
não obstante as distâncias físicas
Hoje, estás noutro plano
noutra dimensão, noutra experiência
entretanto, meu amor continua intacto
continua amando, tentando te alcançar
Agradecer pelo amor amado
pelo terno encontro
pela paixão que queimava
mas que mantinha a fogueira do afeto
viva e acesa, como na nossa adolescência
Em que gravaste em tua retina
meu corpo, minhas formas
meu jeito de moleque
transitando entre jovens
na nossa escola
enquanto me espreitavas faminto,
eu sequer desconfiava.
Coisa estranha é o amor!
Hoje sonhei contigo
realizando teu sonho
era tua aluna...
No livro,
teu rosto desenhado na contra capa
Estava perdida
não havia estudado o assunto
folheava o livro de forma atabalhoada
Não conseguia focar na aula
tua presença tomava conta de meus sentidos
como em tempos idos
em que acordada, sonhava contigo.
Noutro flash nos encontramos
tudo em preto e branco,
como acontece nos sonhos
até teus cabelos prateados
estavam escuros e compridos
Como fôssemos jovens
e livres para amar!
Feliz dia do professor,
meu querido.
Ela chegou...
Desembaraçada e sem nenhum pudor
chegou sorrindo um sorriso doce
chegou sentando ao meu lado afoita
tocou minha pele atrevida e ficou…
Foram poucos segundos, mas parecia eternidade
acreditava livre de sua maldade
na minha idade pensei haver superado
as alegrias e dores do passado
então ela chegou…
Em suas mãos espinhos sem rosas
em seus cabelos, cactos em cores terrosas
de seus olhos o fogo da paixão!
Tentei levantar, sem conseguir
cogitei correr, voar, sei lá, fugir
então, a danada levantou com seu jeito maroto
beijou meu rosto, saiu demonstrando gosto
por ter me tocado, sem eu consentir.
Vez por outra ela chega e me arrebata
Ah essa saudade, um dia me mata
de susto ou de gozo, do que outrora vivi.