A pequena Serraria, que se esparrama sobre o espinhaço de uma nesga de serra no Brejo paraibano, produziu talentos em diferentes ramos das artes e do saber. Gente que se destacou no Magistério, no Jornalismo, na Música, na Poesia e na Pintura em tão alto grau, como prova basta citar Hermano José, Roberto Luna, Libânio Mendes, Nathanael Alves e Clóvis dos Santos Lima.
No Magistério, entre tantos, ressalto a professora Maria da Piedade Medeiros Paiva, serrariense pouco conhecida entre seus conterrâneos, mas que ocupou destacado espaço no ensino público e particular da Paraíba, notadamente em Guarabira e João Pessoa, onde lecionava e criou o Externato João XXIII, de boas referências na cidade. Nestas duas cidades onde atuou com galhardia, ela deveria ser lembrada pelos que reverenciam a memória de quem trabalha com a educação, com a arte e a com cultura.
Essa consideração devia partir de familiares, ex-alunos e as instituições culturais, a exemplo da Academia Paraibana de Letras que tem como primícias cultuar a memória daqueles que se dedicaram ao ensino, às artes e às letras, mesmo que não tenham integrado seus quadros de acadêmicos, como é o caso da professora Piedade.
Natural da cidade de Serraria, onde nasceu no dia 18 de outubro de 1936, casou-se aos vinte anos com Bastos Paiva, residente em Guarabira, com quem teve seis filhos: Luís Flávio, Ana Gláucia, Cláudio Sérgio, Mauro César, Marcelo Fábio e Rodrigo Márcio. Ela faleceu no dia 15 de julho de 2010, aos 74 anos, estando seu corpo sepultado em Guarabira.
Tarde conheci seu trabalho de escritora, com ela criando uma ambivalência profunda, ao descobrir que nasceu na mesma cidade que eu, e ao lembrar da comoção da população de Guarabira no dia de seu sepultamento, em 15 de julho de 2010, essa admiração aumentou ainda mais. Pois ela criou empatia com o povo daquela cidade após seu envolvimento em atividades sociais, religiosas e educacional.
A professora Piedade Medeiros sempre dedicou sua vida ao Magistério, atividade que abraçou com afinco. Também dedicou tempo a escrever livros pedagógicos, que durante décadas ajudaram na formação de uma grande legião de jovens.
Inicialmente, residindo na cidade de Guarabira, como professora nomeada pelo governador José Américo de Almeida, no ano de 1955, logo se integrou à vida cultural da região. Naquela cidade, fundou e lecionou no Externato João XXIII, em 1967, que funcionou sob seus cuidados até o ano de 1990, sempre considerado um colégio de renome. Foi professora no Colégio da Luz, também em Guarabira e, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.
Ela escrevia com facilidade, por isso foi autora de livros que abordam a prática pedagógica e de cunho religioso. São de sua autoria, obras como “Paraíba: Meu Sublime Torrão”, “Paraíba nossa terra”, além de quatro volumes tendo como tema a religião: “Eu sou seu amigo – Educação Religiosa" (1ª a 4ª série), “Minha Primeira Matemática", usando o pseudônimo de Thyna Mara. Também escreveu quatro volumes de Português: “Novas Ideias - Português (1ª a 4ª série), igualmente produziu “Ano 1 da Criança” e a obra “Descobertas - Iniciação aos Estudos Sociais e Ciências”, considerada obra-prima.
Como escritora, também produziu livros que abordam o cotidiano, a exemplo de “Casamento para que te quero”, “Bom Dia, todos os dias”, “Que amor é esse?”. Alguns destes editados pela editora Cidade Nova e pelas Paulinas.
Escritora de interessantes livros de cunho pedagógico e professora de elevados conhecimentos é orgulho para seus conterrâneos de Serraria.