Que ele era um dos intelectuais mais ilustrados da Paraíba, eu já sabia. Que era um dos papos mais agradáveis da terrinha e um nome respeitado nacionalmente, todos sabiam. Mas, por ser de outra geração sempre mantive respeitosa distância dele.
O conhecimento mais de perto foi no ano de 1973, quando Odilon, amigo de Gilberto Freyre, convidou o “foca” que vos tecla para cobrir o lançamento do livro “Além do apenas moderno”, obra marcante do homem do “Solar de Apipucos”, no auditório da Reitoria da UFPB, na avenida Getúlio Vargas.
Mas o rádio foi o grande estimulante da amizade. Sempre que queria sair do rame-rame da política local e ele estava na terrinha, convidava Odilon Ribeiro Coutinho para meus programas na extinta Rádio Arapuan AM para falarmos de arte, literatura, história. Tudo, menos política, muito menos política local.
Porém foi nos almoços com o poeta Thiago de Mello, no antigo Hotel Tropicana, que tive a sorte de me aproximar mais ainda dessa figura humana extraordinária, e, por tabela, do poeta Thiago de Mello, amigo-irmão de Odilon.
Amigo de Odilon e Toinho Cabral, dono do hotel e sócio da rádio em que eu trabalhava; Thiago sempre que vinha à Paraíba ficava hospedado no Tropicana. Então, os almoços e jantares do hotel eram verdadeiras tertúlias literárias, momentos realmente inesquecíveis.
Fiquei tão próximo de Odilon que, a pedido dele, hospedei em minha casa, em Miramar, por quase um mês, um filho de Tiago, Manduka (Alexandre Manuel Thiago de Mello), e sua namorada, Beatriz, jornalista do Excelsior do México que veio ao Brasil cobrir a posse de Brizola no governo do Rio, exatamente naquela eleição do escândalo da Proconsult.
Me aproximei tanto dele que acabei me filiando ao PSDB, partido que ele fundou e liderou na Paraíba, a pedido do próprio Fernando Henrique Cardoso, com quem mantinha uma velha amizade e tinha linha direta a qualquer hora. Da vida partidária, me lembro bem de uma convenção realizada no Clube Santa Cruz de Santa Rita, na qual o partido decidiu apoiar Antônio Mariz, nas eleições de 1994, onde eu e o filiado Fábio Nogueira, de Campina Grande, tivemos forte atuação. Mas isso fica para você ver, leitor, o quanto estive próximo desse grande paraibano.
À medida que o tempo passava, mais me aproximava do velho Odilon, que sempre tive na conta de um político sério e idealista. Tanto é que seu filho Eduardo, outra criatura fora de série, achou de convidar a mim e Marcelo Jácome, que dirigia a Rádio Cidade FM, grande novidade na capital, para instalar, aqui em João Pessoa, uma afiliada do Sistema Globo, numa outorga obtida por Odilon.
O projeto não avançou, apesar de a rádio chegar a funcionar em caráter experimental e eu e Germano Barbosa termos ido fazer um breve estágio na Rádio Globo, no Rio de Janeiro. Só à guisa de informação: Odilon repassaria o canal para o jornalista Josélio Gondim, quando a rádio recebeu o nome fantasia Areia Dourada FM, depois negociada com o empresário José Carlos da Silva Júnior, que também adquiriu as rádios Cidade FM e Cidade Verde AM, ambas negociadas diretamente com Odilon Ribeiro Coutinho.
Pois bem, cresci muito com a amizade. Cresci porque aprendi bastante com o meu grande mestre Odilon Ribeiro Coutinho.
Odilon Ribeiro Coutinho com Thiago de Mello (sup. esq.) / Odilon com Gilberto Freyre (sup. dir.) / Thiago de Mello (abaixo) @auniao