Grande Ricardo Anísio! Eu o chamava Cado e ele me chamava Pêpa. Éramos tão amigos! Na verdade, quase inseparáveis. Nos tempos áureos, sempre estávamos próximos. Costumávamos nos reunir, sobretudo, em eventos culturais que, não raro, estendiam-se a barzinhos ou restaurantes, a exemplo do Apetitos ou Pontal do Cabo Branco.
Todavia, eis que, há alguns anos, sofreu um episódio neurológico. Deste modo, segundo Roseana, a irmã que o cuidava, nem valia a pena o visitar, em virtude do risco de ele se agitar e ter uma crise maiúscula. Ulteriormente, inclusive, nem reconheceria mais ninguém.
Criei ilustrações e prefácios para seus livros de poemas. Era grande a admiração por esse talentoso profissional de comportamento rebelde e alma de artista.
Que ninguém se esqueça desse intelectual paraibano que aliava, indissoluvelmente, competência e polêmica. Entre suas produções, destaque especial foi MPB de A a Z. Entretanto, é fundamental sublinhar o restante de sua obra, qual seja Forró de Cabo a Rabo, bem como Canção do Caos, Simulacro, Canção do Abismo, Florilégio, Equiláteros, Crônicas Musicais e Em Cada Canto um Verso.
Ostentando fama de brabo nos posicionamentos ideológicos, a sua alma se derretia ante qualquer emoção. Foi assim que, quando perdeu o pai - um senhor alto, elegante, empertigado e muito galante - sofreu um baque tremendo. O tempo e os amigos ajudaram-no a curar a dor. Contudo, o falecimento da mãe e, subsequentemente, de uma irmã muito amada, abalatam-no de tal forma, que perdeu-se para todo o sempre nos labirintos e becos obscuros da mente.
Um cara que deixará saudades, uma produção notável e histórias para contar. Deus o receba no Paraíso, amigo Ricardo Anísio.
