Gosto das coisas erradas Das que dão prazer E subvertem as ordens Autoritárias Daquelas que queimam As fogueiras Que que...

Temperos na varanda

poesia paraibana aurelio cassiano
 
 
 
Gosto das coisas erradas Das que dão prazer E subvertem as ordens Autoritárias Daquelas que queimam As fogueiras Que queimam as Bruxas Gosto de dançar com as Bruxas E com elas acender Fogueiras à luz do luar E deitar com mendigos E aquecer seus corpos Sem banhos E revelar as suas noites Sem fim Gosto de plantar jardins Temperos na varanda E cantar canções de ninar Ter uma casa bela Que caiba eu e ela e ele E o mundo E no fim Um profundo azul Para mergulhar



Velho Bêbado Tua esquerda te tem Falta-te o teu cigarro Mas teus velhos livros São teus balões de oxigênio Velho ébrio Tua solidão é licença Para que os companheiros Acampem na tua casa E teu sexo termine Sozinho no banheiro Velho visionário Teus gatos te bastam Enquanto a vista encurta E nos desvãos da noite Acalentas Concertos de rock’n’roll Embriagado perdido Teus poemas Teus Poemas Não te valerão



Sobre hoje dedo na lança Esperança posta E cultivada Regar o jardim Sem arrancar as flores Para preservar o seu olor Fazer crescer o pão E a paixão Beijar na boca E expulsar os ódios Dedilhar mechas De cabelos Com o pensamento em Vertigem E esticar-se como um bodoque Nas mãos do arqueiro Por hoje Arrumar as dores Para que elas se acalmem E arrancar prazer da solidão
(do livro "Poemas Embalados a Vácuo")



Pingo na retina Retinta cor negra Beijo de luz no breu Dos meus desejos Cole como se fosse Luz E apague-se na pele minha Intransponível barreira Erga-se Se for capaz E adentre a profundeza Escura do meu ser ... que conduz!
(do livro "Memorando 42")


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